O governo brasileiro usou a reunião do Conselho Geral da OMC, em Genebra, para reagir com firmeza às novas tarifas anunciadas pelos Estados Unidos contra produtos nacionais. Representante do Itamaraty no encontro, o embaixador Philip Fox-Drummond Gough condenou a adoção de medidas unilaterais com motivação política e classificou as ações norte-americanas como uma ameaça direta ao sistema multilateral de comércio.
“Estamos diante de um ataque sem precedentes à credibilidade da OMC. Tarifas arbitrárias interrompem cadeias de valor e podem mergulhar a economia global em estagnação e inflação”, afirmou Gough, em referência às tarifas prometidas por Donald Trump, que associou a medida ao andamento das investigações contra Jair Bolsonaro no STF.
A fala brasileira marcou o tom mais duro adotado por um país em desenvolvimento durante o encontro. O diplomata criticou o uso de sanções comerciais como instrumento de interferência em assuntos internos e disse que a prática viola os princípios centrais da OMC.
Diante do impasse, o Brasil voltou a defender uma reforma estrutural da organização e cobrou unidade das nações em desenvolvimento para evitar o colapso das regras multilaterais. “As economias mais vulneráveis devem se unir. A alternativa é um mundo movido por coerção e instabilidade”, alertou.
Gough garantiu que o Brasil seguirá apostando em soluções negociadas, mas não descarta recorrer ao sistema de solução de controvérsias da OMC caso as tratativas fracassem.