1.
Consideramos que o quadro de disputa muda porque este é exatamente o tempo de mudanças, a pré-campanha, quando todos conversam com todos e tudo está por definir. Mesmo assim nos surpreendemos com alguns fatos. Como o resultado da reação do governo federal ante a derrubada do IOF no Congresso.
2.
Resultado positivo era, talvez, a única coisa que se esperava. O presidente Lula ter decidido reagir indo pra cima do presidente da Câmara, Hugo Mota, virou uma espécie de chamamento da militância às ruas e o apontamento de um rumo para a comunicação, duas coisas que andavam em falta no governo.
3.
Hugo Mota mostrou o caminho da luz no fim do túnel ao PT e à esquerda, e deixou claro aos adversários políticos o que é básico na política, da mesma forma que as articulações de pré-campanha são elementares: Lula não está morto politicamente. Ou antes: política é o único lugar onde morto ressuscita.
4.
Isso impacta no jogo eleitoral porque, diante da visão de que Lula agonizava, todos já se preparavam para debandada da sua aba e abraço caloroso em outra causa, em especial a do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. O episódio do IOF mostrou que a coisa nao é bem assim. Calma e caldo de galinha fazem bem nessas horas.
5.
Tarcísio é apresentado como o candidato perfeito, fazendo um governo perfeito e perfeitamente preparado para a união absoluta da direita. Suas virtudes são apontadas com galhardia. Porém, como o clima de campanha virá, seus defeitos também virão à tona, e é aí que os detalhes importam. Em termos de avaliação de governo, por exemplo, o goiano Ronaldo Caiado é candidato melhor que ele, com mais de 80% de aprovação.
6.
O tempo é o adversário de todos, até abril (as desincompatibilizações) e, depois, até julho (as convenções). Caiado está em campo e sabe que precisa se viabilizar. Sua estratégia está montada exatamente neste sentido. Tarcísio também precisa se firmar como nome natural, pra fazer valer a pena deixar uma reeleição tida como certa para uma candidatura a presidente que, por sua idade e timing nacional, pode esperar.
7.
O mesmo raciocínio vale para os outros pré-candidatos a presidente, como Ratinho Jr., governador do Paraná, e Romeu Zema, governador de Minas. O tempo dirá se vão resistir como candidatos ou apenas como sonhadores. Lula, no entanto, está no cargo e, por mais que sejam os percalços do momento, tem mais possibilidades de se viabilizar para a reeleição do que qualquer outro. Isso é fato, e o caso do IOF lembra isso. Lula tá no jogo e nao é um nome em busca de uma quimera.
8.
As questões de ordem neste momento são as também naturais de uma espera por definição de candidatura. O que a oposição a Lula vai fazer com essa reação da base lulista? E Lula, o que vai fazer com esse lampejo de oportunidade, de volta ao jogo? Em meio a isso, o que parece fora do eixo é outra coisa, que para muitos nem haveria de se cogitar: Bolsonaro cada vez mais à margem do jogo principal.
9.
A direita que agora polariza com Lula não é a bolsonarista. Não quer dizer, vale o princípio, que Bolsonaro esteja desde já fora do jogo. Quer dizer que ele de repente está sendo escanteado, e pode, sim, ficar na lateral, e não mais ser o centro de todas as atenções. Como ele vai reagir a isso é outra questão de ordem que agora entra no horizonte para quem quer entender o jogo e tentar visualizar o que vai acontecer. Quer apostar?
10.
É a BetEleitoral. Vença Deus!