Nos últimos dias o senador goiano Wilder Morais (PL) se movimentou no Congresso e nas redes em protesto contra a prisão de Bolsonaro e ações que questionam bolsonaristas diante do tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Junto com isso, se esforça para provar que será candidato ano que vem, embora os fatos indiquem outra coisa.
Natural que Wilder defenda Bolsonaro, já que ele faz parte do grupo e tem sua eleição e seu futuro político ligados diretamente ao ex-presidente. O que chama atenção é outro ponto: ele faz tudo por Bolsonaro e os bolsonaristas, mas sua atuação parlamentar, como senador, em favor dos goianos é pouco conhecida.
A falta de equilíbrio entre seu mandato e sua disposição para o palanque é um dos pontos que serão cobrados caso o ex-presidente de fato o escolha como candidato a governador, ano que vem. É o seu segundo mandato e faltam menos de 12 meses para as convenções.
As chances de Wilder sair candidato são amarradas à estratégia bolsonarista nas eleições presidenciais. Talvez isso explique sua prioridade em privilegiar a política em defesa de Bolsonaro em vez de um mandato que seja reconhecido pelo desempenho em favor dos interesses do Estado. Em meio a isso, sobra o discurso de que, agindo como age, ele faz bem a Goiás. O eleitor concorda?
Wilder é o pré-candidato do bolsonarismo, porém não é o único da direita. Daniel Vilela, vice-governador e presidente do MDB, também se posiciona como direita. Centro direita, no caso, que é exatamente como se define o seu principal cabo eleitoral, Ronaldo Caiado (União Brasil), pré-candidato a presidente.
Daniel é o candidato de Caiado e Wilder, o de Bolsonaro. Isso em um Estado com maioria do eleitorado votando à direita nas últimas eleições. Mesmo Estado que dá mais de 80% de aprovação a Caiado. Daniel, nos últimos meses principalmente, tem buscado deixar claro, inclusive, que participa da gestão atual.
Da mesma forma, o governador vem adotando como estratégica claro reforçar que o vice trabalha, não é só um cabo eleitoral carente e dependente de sua bênção e de seu humor. Fato: Daniel não precisa se esforçar para provar que será candidato – e à reeleição, pois Caiado avisou que se afastará em abril.
Wilder, ao contrário, tem hoje como principal desafio fazer crer que chegará candidato no ano que vem, já que isso não depende dele. E que é senador com resultados a mostrar e convencer. Além, naturalmente, de se fazer conhecido em todo o Estado como político com perspectiva real de vitória e capacidade de gestão.