A Embraer evitou um impacto ainda maior em suas operações internacionais ao ficar fora da lista de produtos taxados em 50% pelos Estados Unidos. Apesar de ainda lidar com uma tarifa de 10% sobre aviões e peças exportados para o mercado americano, a fabricante brasileira garante que manterá sua produção e não prevê demissões no Brasil este ano.
“Nossa prioridade é restaurar a tarifa zero. Conseguimos reduzir de 50% para 10%, o que já aliviou a situação para os clientes, mas seguimos negociando com firmeza para eliminar completamente essa taxação”, afirmou o CEO Francisco Gomes Neto, nesta terça-feira (5), ao apresentar os resultados do segundo trimestre.
Desde abril, a tarifa de 10% tem gerado impacto de até US$ 65 milhões (aproximadamente R$ 350 milhões) nos custos da companhia, valor que se refere às vendas de peças de aviões executivos para sua subsidiária nos Estados Unidos. Cerca de 80% desse prejuízo ainda devem ser sentidos no segundo semestre.
Ainda assim, a empresa mantém suas metas para o ano, inclusive em volume de entregas. A Embraer emprega 18 mil pessoas no Brasil e 3 mil nos Estados Unidos, um contingente que pode crescer nos próximos anos.
“Não há qualquer plano de redução de pessoal”, reforçou o executivo.
Nos EUA, principal mercado da empresa, a Embraer pretende investir US$ 500 milhões (R$ 2,8 bilhões) até 2030 em Dallas e Melbourne, com previsão de criar 5,5 mil vagas. Se o cargueiro militar KC-390 for incluído na frota aérea americana, a empresa promete dobrar o investimento e abrir mais 2,5 mil postos.
Os Estados Unidos absorvem 70% da demanda por jatos executivos e 45% da aviação comercial da fabricante. Neto também ressaltou que o modelo E175, com até 80 assentos, é estratégico para a aviação regional norte-americana.
A companhia trabalha em negociações bilaterais com apoio do governo brasileiro para restabelecer o status de isenção tarifária, vigente nos últimos 45 anos. Segundo Neto, acordos semelhantes já foram firmados entre os EUA e o Reino Unido e União Europeia.
Na apresentação dos resultados, a empresa registrou 61 aeronaves entregues entre abril e junho, sendo 19 comerciais, 38 executivas e quatro militares, número superior ao mesmo período de 2024, que fechou com 47 unidades. A meta é entregar de 77 a 85 jatos comerciais e entre 145 e 155 jatos executivos até o fim do ano.
A carteira de pedidos da companhia chegou a US$ 29,7 bilhões, o maior valor de sua história. Fundada em 1969, a Embraer já entregou mais de 9 mil aviões para clientes em 100 países e Forças Armadas de 60 nações.