Por falta de fatos, o maneje te político em Goiás tá contaminado por boatos. Notícia de pesquisas que apontam este aquele à frente, informações do tipo seguras e inquestionáveis sobre brigas internas no governo e nas oposições, fatos aleatórios que indicam conspirações de traições inevitáveis.
Sabe o que há de verdade em tudo? Nada. Sabe o que isso quer dizer para outubro do ano que vem? Menos que nada, ainda. Talvez seja o caso de culpar a temporada do Araguaia por tanta fumaça eleitoral no Estado enquanto os que produzem acontecimentos estão lá, ou pescando, ou no Japão, ou apenasmente – diria Odorico Paraguassu – enfadados.
Sim, é isto que mais se faz antes que a eleição chegue. Conversar, tergiversar, negociar, maldizer o adversário, sacudir a poeira. Uns poucos fazem outra coisa, em meio este caos: trabalham para construir candidaturas, e a própria, quando há projeto concreto em vista.
A pré-campanha entre nada e tudo. Entre a plantação e a colheita, nas convenções e, depois, no dia da votação, quando é o caso. E não há receita pronta. Não fazer nada é uma alternativa. Deixar o tempo passar, aguardar que outras coisas se resolvam e confiar que, lá na frente, a sorte favorecerá os abençoados – vale isso também.
Wilder Morais (PL) é o pré-candidato da espera. Pouco há para articular, já que as decisões de aliança e de definição de candidaturas não passa por ele. No tempo que ninguém sabe qual, Bolsonaro indicará o caminho, e arrastará a multidão dos que o apoiam.
É este o capital político de Wilder: a grande possibilidade de ser o ungido por Bolsonaro. Por isso a espera. Por isso os movimentos de arroubo. Por isso a pouca fé em conversas que sejam de fato construtivas de um projeto político em que o capital seja seu. Não é. Seu capital é outro.
Daniel é o candidato de Caiado e de duas máquinas fortes de campanha, a do governo e a do MDB. Estruturas que superam as dos demais partidos, que estão capilaridades e que precisam, isso sim, manter-se vivas, em prontidão, ligadas nos movimentos eleitorais dele e do padrinho, o governador Ronaldo Caiado.
Por mais que se desdenhe da estratégia de Daniel, é impossível desconsiderar tais ingredientes e, mais, o peso do apadrinhamento: o governador de um governo com mais de 80% de aprovação. O compasso medido de agora é a véspera, não é a ação de chegada.
Marconi Perillo é o candidato em busca de um discurso. Posiciona-se à direita, e nisso disputa desde já o mesmo público-foco de Daniel e Wilder. Crítica Lula e o PT embora uma das políticas mais paparicadas hoje por Lula seja a tucana vereadora Aava Santiago e o seu PSDB não tenha mais estrutura mínima de campanha que o PT, por seu lado, possa lhe oferecer.
Estrutura mínima, porém lastreda em uma provável candidatura à reeleição que precisa de bom palanque em Goiás. Sobre o discurso, Marconi bate duro em adversários que nunca terá: o próprio Lula e Ronaldo Caiado, que não pode mais se reeleger e planeja justamente o enfrentamento ao petista. Eis que temos: Caiado e Lula ignoram Marconi.
Estes são os nomes em jogo e sobre os quais recaem quase todas as fofocas e quase todos os boatos neste momento. Quase. Porque no terreno fértil das especulações entram também personagens novos nas projeções e imaginações. O principal deles, agora: o ex-senador Demóstenes Torres.
Demóstenes está fora da política desde os tempos em que foi punido pelo pecado de não escancarar a ligação com Carlos Cachoeira. Mas os tempos passaram. No meio político, ele está no jogo. No frigir das urnas, quem sabe? O povo dá o poder quando quer, mas também tira quando se cansa, dizia um jingle vencedor da história eleitoral goiana.
E é disso que estamos falando: daqui de julho deste ano para julho do ano que vem, tudo pode e nada ‘despode’ – palavras de um conhecido vereador, que tem visão ampla e alegre dos limites imponderáveis da política. O jogo está tão aberto que o impossível é apenas um detalhe.
Se a eleição fosse hoje… mas a eleicao não sra nem hoje, nem amanhã. E é inteligente lembrar que as estruturas internas de cada um, e as nuances individuais de cada possível candidato, contam. Como vão contar as armadilhas, as conversações, as construções e alianças e os tropeços de um por um no meio do caminho, que é a pré-campanha.
A soma das habilidades e dos arsenais, a vontade popular e a promessa mais bem feita ao pé do altar é que vão dizer qual das árvores resistirá a uma boa sacudida dia 4 de outubro de 2026. E quais terminarão estendidas no rabo do fogão. Estas estarão cheias de poesia, porém, enfim, nada mais serão do que fumaça.
Fumaça política de político queimado no tempo devido.