A cidade de Goiânia relembra nesta quinta-feira (18/09) os 38 anos do acidente com o Césio-137, considerado o maior desastre radiológico urbano do mundo. A data é marcada pela abertura da Exposição Praça Cultural Césio-137, realizada no Hospital Estadual Alberto Rassi (HGG), espaço que teve papel central no atendimento às vítimas em 1987.
A mostra reúne 34 artistas que utilizaram pinturas, poesias e outras expressões artísticas para revisitar a tragédia, ressignificar memórias e projetar esperança. Entre os nomes em destaque estão Siron Franco, Erasmo Gama, Demirane, Cassiano e Tio Arte. A iniciativa é do Centro Estadual de Assistência aos Radioacidentados Leide das Neves (Cara), vinculado à Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO).

O HGG foi uma das primeiras unidades de saúde a receber pessoas contaminadas pela radiação. Das 30 vítimas hospitalizadas, 14 tiveram o quadro agravado e precisaram ser transferidas para o Rio de Janeiro. As demais foram tratadas em uma ala que, anos depois, recebeu o nome de José de Júlio Rosental, físico da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), reconhecido pelo trabalho de contenção do acidente.
Segundo a diretora-geral do Cara, Glauciene Esteves, o projeto tem caráter simbólico e educativo. “É uma forma de honrar a história das pessoas afetadas e o papel crucial que o HGG desempenhou. O acompanhamento clínico e epidemiológico iniciado em 1987 tornou-se fundamental para a saúde dos radioacidentados”, afirmou.
A exposição foi idealizada em 2024 com apoio da Associação Goiana de Artes Visuais (Agav) e de gestores da SES-GO. Além da mostra, outras atividades de memória estão previstas: no dia 24, haverá palestra na Escola Estadual José Honorato; no dia 28, uma live da Associação Médica de Goiás discutirá o tema “Radiação no Mundo e no Brasil”; e, no dia 29, um culto ecumênico será realizado em homenagem às vítimas e sobreviventes.
A programação reforça a importância de preservar a memória coletiva, valorizar a ciência e oferecer reconhecimento à comunidade dos radioacidentados, que até hoje enfrenta os efeitos do acidente.