Com a proximidade do Conclave que definirá o sucessor do Papa Francisco, a participação do cardeal italiano Giovanni Angelo Becciu tem gerado controvérsias dentro e fora do Vaticano. Aos 76 anos, Becciu foi autorizado a participar das congregações pré-conclave e demonstra intenção de votar na escolha do próximo pontífice — apesar de ter sido condenado, em primeira instância, por crimes de corrupção.
Becciu foi um dos nomes mais influentes da cúpula vaticana. Chegou a ocupar a segunda posição mais alta da Secretaria de Estado, responsável pela gestão de recursos financeiros da Santa Sé, especialmente os oriundos de doações voltadas à caridade.
Sua carreira diplomática inclui passagens por representações papais em países como EUA, França, Reino Unido, Sudão e Cuba. Foi nomeado cardeal em 2018 pelo próprio Papa Francisco, que também o indicou como prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.
No entanto, a trajetória sofreu um forte abalo em 2020, quando veio à tona o escândalo de compra de um imóvel de luxo em Londres, no valor de 200 milhões de euros, com fundos da Igreja.
As investigações revelaram indícios de fraude, desvio de dinheiro, lavagem, abuso de poder e extorsão. Becciu nega todas as acusações, mas foi condenado a cinco anos e meio de prisão — sentença que ele ainda pode recorrer.
O envolvimento do cardeal em um processo criminal levanta questionamentos sobre sua elegibilidade para influenciar a escolha do próximo líder da Igreja Católica. Cabe à Congregação Geral dos Cardeais decidir se Becciu poderá ou não participar do Conclave. Caso seu pedido seja aceito, ele integrará o grupo de 135 eleitores, que inclui sete brasileiros.