O primeiro-ministro do Catar, xeque Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, anunciou nesta quarta-feira (10) que o país responderá ao ataque israelense contra Doha. Ele disse que já discute a medida com aliados e prometeu se reunir em breve com líderes do Oriente Médio para definir os próximos passos, sem detalhar prazos.
Israel informou na terça-feira (9) que bombardeou alvos do Hamas na capital catariana, operação que provocou forte reação internacional. A ONU classificou a ofensiva como violação de soberania. Al-Thani chamou a ação de “terrorismo de Estado” e acusou o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, de conduzir a região “ao caos” e sabotar negociações de cessar-fogo.
Segundo o líder catariano, oficiais de seu país ficaram feridos no bombardeio e alguns permanecem em estado crítico. Ele relatou que, no momento do ataque, recebia familiares de reféns mantidos pelo Hamas.
“Netanyahu matou qualquer esperança para esses reféns”, afirmou.
O Catar exerce papel de mediador nas tratativas que buscam libertar sequestrados em Gaza e garantir uma trégua. Além de sediar encontros, o país já abrigou figuras do Hamas, como o ex-líder Ismail Haniyeh, morto por Israel no Irã. Al-Thani negou que Doha apoie o terrorismo e reforçou que as reuniões com integrantes do grupo sempre ocorreram de forma pública.
Israel declarou que a ação foi conduzida pelo Shin Bet, em parceria com a Força Aérea, com o objetivo de atingir líderes do Hamas em território catariano. O grupo palestino confirmou a morte de cinco membros, entre eles o filho do negociador Khalil al-Hayya, mas afirmou que os principais dirigentes sobreviveram.
O episódio desencadeou movimentos diplomáticos imediatos. Líderes árabes anunciaram viagens a Doha entre esta quarta (10) e quinta-feira (11) em solidariedade ao Catar. A União Europeia reagiu com a proposta de sanções contra ministros israelenses considerados extremistas e a suspensão de pontos do acordo comercial com Tel Aviv.
Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump declarou que Israel agiu de forma unilateral. Ele disse ter orientado seu enviado Steve Witkoff a alertar Doha sobre a operação, versão que o governo catariano negou. Após o ataque, o embaixador israelense em Washington, Yechiel Leiter, afirmou que, se os líderes do Hamas escaparam desta vez, “cairão em uma próxima tentativa”.