Após a leitura do relatório pelo ministro Alexandre de Moraes e a acusação apresentada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, na manhã desta terça-feira (2), o Supremo Tribunal Federal (STF) retomou o julgamento da trama golpista com as sustentações orais das defesas de quatro réus: Mauro Cid, Alexandre Ramagem, Almir Garnier e Anderson Torres.
Defesa de Mauro Cid
O advogado Jair Alves Pereira pediu a manutenção do acordo de delação premiada firmado por Cid com a Polícia Federal. Ele negou que o militar tenha sido coagido a colaborar e afirmou que os áudios divulgados pela imprensa não invalidam o acordo. Também alegou que Cid não tinha envolvimento com o arquivo “Plano Punhal Verde-Amarelo“, que previa atentados contra autoridades.
Defesa de Alexandre Ramagem
O advogado Paulo Renato Cintra negou que o ex-diretor da Abin tenha determinado monitoramentos ilegais ou orientado Bolsonaro com informações falsas sobre o sistema eleitoral. Disse que Ramagem apenas compilava opiniões do então presidente e destacou que ele deixou o governo em março de 2022. Durante sua fala, Cintra foi repreendido pela ministra Cármen Lúcia ao usar “voto impresso” e “voto auditável” como sinônimos. Atualmente deputado federal, Ramagem responde a três crimes: golpe de Estado, organização criminosa armada e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
Defesa de Almir Garnier
O advogado Demóstenes Torres negou que o ex-comandante da Marinha tenha colocado tropas à disposição de Bolsonaro para um eventual golpe. Contestou a versão de que Garnier teria apoiado a decretação de medidas de exceção em reunião com o ex-presidente. Ele também criticou o acordo de delação de Mauro Cid e disse que declarações críticas às urnas eletrônicas não configuram golpe, classificando-as como “bobagens” toleráveis em uma democracia.
Defesa de Anderson Torres
O advogado Eumar Novacki minimizou a chamada “minuta do golpe” encontrada na casa do ex-ministro, chamando-a de “minuta do Google”, sem valor jurídico. Ele também afirmou que Torres não teve participação nos atos de 8 de janeiro, lembrando que estava de férias nos Estados Unidos, viagem planejada com antecedência. A defesa ainda negou qualquer envolvimento do ex-ministro em operações da PRF para dificultar o transporte de eleitores no Nordeste no segundo turno de 2022.