A partir desta terça-feira, 29 de abril, servidores da área da Cultura em pelo menos 14 estados brasileiros, incluindo o Distrito Federal, iniciaram uma greve por tempo indeterminado. A mobilização ocorre devido ao descumprimento de acordos firmados com o governo e à busca pela criação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários da Cultura (PCCULT).
A decisão pela greve foi tomada após sucessivos adiamentos de reuniões com o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI). Em 2024, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, entregou a proposta do PCCULT à ministra da Gestão, Esther Dweck, mas desde então, seis reuniões agendadas para discutir o tema foram canceladas. A categoria, frustrada com a falta de avanços, optou por paralisar suas atividades na tentativa de pressionar o governo a cumprir os acordos e atender suas demandas.
A principal reivindicação dos servidores é a criação de um plano de carreira estruturado e a correção das disparidades salariais, com uma categoria que, em comparação com outros setores públicos, apresenta salários significativamente mais baixos. Atualmente, um servidor da Cultura em topo de carreira recebe R$ 9.728, valor bem abaixo do recebido por profissionais em cargos similares, como os analistas em infraestrutura do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), que chegam a ganhar até R$ 21.886.
Além disso, os servidores destacam a sobrecarga de trabalho gerada pela redução do quadro de pessoal nos últimos anos. Entre 2014 e 2023, o Ministério da Cultura (MinC) viu uma queda de 36,6% em seu número de funcionários, o que reflete a crise estrutural enfrentada pela área cultural do país.
A greve ganhou apoio de parlamentares como as deputadas Erika Kokay (PT-DF) e Sâmia Bonfim (Psol-SP), além de organizações da sociedade civil que defendem a valorização da cultura. O Ministério da Gestão e Inovação foi pressionado por diversas frentes políticas e sociais a abrir negociações efetivas com os servidores.