O que é soberania?

Tarifas dos EUA contra o Brasil trazem de volta o debate sobre soberania nacional e tensões diplomáticas.

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Imagem gerada por IA

Soberania é o princípio fundamental que garante a um Estado o poder de exercer autoridade suprema sobre seu território, população e decisões internas, sem interferência externa.

Esse é um conceito central tanto para o direito interno quanto para as relações internacionais. Desde a Paz de Vestfália, em 1648, que consolidou a ideia da não intervenção, esse princípio rege o funcionamento dos Estados modernos.

Na prática, a soberania tem duas dimensões: interna, quando o país tem autonomia para definir suas leis e instituições; e externa, quando é tratado de forma igualitária no cenário internacional, sem subordinação a outros países.

Esse é um dos pilares da Convenção de Montevidéu (1933), que estabelece critérios para o reconhecimento de um Estado soberano — como população permanente, território definido, governo e capacidade de entrar em relações com outros Estados.

A etimologia da palavra

A palavra soberania vem do latim medieval “superanus”, que significa superior ou acima dos outros. Esse termo, por sua vez, deriva do latim clássico “super”, que quer dizer sobre ou acima.

A forma francesa “souveraineté”, usada na Idade Média, foi fundamental para a difusão do termo na Europa e influenciou diretamente o português “soberania”. Ela indicava a autoridade suprema exercida por um monarca ou governante sobre um território e seus súditos, sem submissão a outro poder superior.

Assim, etimologicamente, soberania carrega a ideia de superioridade hierárquica, de alguém ou alguma entidade estar acima dos demais em autoridade e poder decisório — conceito que continua central na sua definição política e jurídica até hoje.

O tarifaço de Trump

A partir do dia 6 (mas originalmente seria no dia primeiro de agosto), os Estados Unidos vão aplicar tarifas de até 50% sobre alguns dos produtos importados do Brasil, além de aumentos adicionais em itens já tarifados.

A decisão partiu do ex-presidente Donald Trump, que voltou à Casa Branca prometendo proteger aliados políticos e combater o que classifica como “injustiças internacionais contra conservadores”. Segundo a nova ordem executiva, as tarifas são uma forma de responder à atuação do Supremo Tribunal Federal brasileiro contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de articular uma tentativa de golpe de Estado. Acontece que Trump desistiu de tarifar quase 700 produtos.

A retaliação norte-americana inclui ainda sanções, como a Lei Magnitsky, ao ministro Alexandre de Moraes, sob alegação de violações de direitos civis. Para a diplomacia brasileira, essas medidas extrapolam o campo comercial e representam uma interferência direta em assuntos internos do país, violando a soberania nacional.

O governo Lula respondeu de forma considerada enérgica por alguns, classificando as ações como arbitrárias e abusivas, além de acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) e aprovar uma lei que autoriza retaliações equivalentes, caso as sanções sejam mantidas.

As consequências de uma pressão econômica com fins políticos

Ao usar a sua força econômica para tentar influenciar decisões judiciais no Brasil, os Estados Unidos abrem um precedente perigoso para as relações internacionais.

Essa forma de pressão — ainda que embalada em argumentos de defesa da liberdade de expressão ou de direitos humanos — compromete o equilíbrio entre soberania e interdependência global.

O tarifaço poderia afetar duramente setores estratégicos da economia brasileira, como o agronegócio, a indústria alimentícia e o setor de mineração, com impactos diretos na balança comercial e nos empregos.

Além disso, a crise já reverberou em outros fóruns diplomáticos: países como China, Rússia e integrantes da União Europeia manifestaram preocupação com o uso de tarifas como ferramenta de coerção política.

A tentativa de Trump de moldar a política interna de um parceiro comercial com base em alianças ideológicas deixa evidente um conflito entre soberania e unilateralismo.

Se mantida, a ofensiva tarifária poderá não apenas fragilizar as relações bilaterais, mas também redefinir o debate sobre autonomia nacional em tempos de globalização e disputa por hegemonia.

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