O Papilomavírus Humano, conhecido como HPV, é a infecção sexualmente transmissível (IST) mais comum no mundo, causada por um grupo de mais de 200 tipos de vírus.
Desses, pelo menos 14 são considerados oncogênicos — ou seja, têm potencial para causar câncer. No Brasil, uma pesquisa nacional (POP-Brasil) estima que 53,6% da população sexualmente ativa entre 16 e 25 anos esteja infectada por algum tipo do vírus.
A maioria das infecções por HPV é assintomática e desaparece espontaneamente. No entanto, em alguns casos, a infecção pode persistir e evoluir para lesões genitais e até câncer, principalmente do colo do útero, ânus, pênis, boca e garganta. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), 99% dos casos de câncer do colo do útero são causados por infecções persistentes por HPV de alto risco.
Como ocorre a transmissão
A principal forma de transmissão do HPV é o contato sexual (vaginal, anal ou oral) com uma pessoa infectada — mesmo que ela não apresente sintomas visíveis. O uso de preservativos, embora reduza o risco, não oferece proteção completa, já que o vírus pode estar presente em áreas genitais não cobertas pelo preservativo.
O HPV também pode ser transmitido por contato direto com verrugas genitais ou, mais raramente, durante o parto, da mãe para o bebê.
Formas de prevenção
A forma mais eficaz de prevenção é a vacinação. Desde abril de 2024, o Ministério da Saúde adotou uma nova diretriz para simplificar e ampliar o acesso, oferecendo gratuitamente a vacina quadrivalente em dose única para meninas e meninos de 9 a 14 anos
Para grupos de maior risco, como pessoas imunossuprimidas, com HIV/Aids, transplantados e pacientes oncológicos, o esquema de três doses continua sendo recomendado e está disponível até os 45 anos.
A vacina é mais eficaz quando aplicada antes do início da vida sexual. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a vacinação pode reduzir em até 90% os casos de câncer do colo do útero.
Além da vacinação, outras medidas preventivas incluem:
- Uso de preservativo em todas as relações sexuais.
- Realização periódica do exame Papanicolau (em mulheres de 25 a 64 anos).
- Redução do número de parceiros sexuais.
- Evitar o tabagismo, já que o cigarro é um fator que favorece a persistência do vírus.
Detecção e tratamento
Não existe tratamento para eliminar o vírus HPV do organismo, mas suas manifestações podem ser tratadas. Lesões como verrugas genitais ou lesões pré-cancerígenas podem ser tratadas com medicamentos, crioterapia, laser ou procedimentos cirúrgicos. Na maioria dos casos, o próprio sistema imunológico consegue controlar a infecção e eliminar o vírus ou mantê-lo em níveis indetectáveis.
Em relação à detecção, o exame Papanicolau é o principal meio de identificar alterações no colo do útero causadas pelo HPV. Além dele, o SUS está implementando gradualmente o teste de HPV-DNA, um método mais sensível que detecta diretamente a presença do vírus.
Impacto na saúde pública
Segundo o INCA, o câncer do colo do útero é o terceiro tipo mais comum entre mulheres no Brasil, com uma estimativa de mais de 17 mil novos casos por ano. O impacto da doença, no entanto, mostra uma profunda desigualdade regional, com as taxas de incidência sendo significativamente mais altas nas regiões Norte e Nordeste.
A vacinação em massa e a detecção precoce são as ferramentas mais eficazes para reverter este cenário e eliminar o câncer de colo do útero como um problema de saúde pública.