Fatos concretos fazem de Daniel Vilela favorito para a eleição de governador de Goiás em 2026:
- é apoiado pelo governador Ronaldo Caiado, que tem aprovação alta;
- tem na ponta da língua e na base de sua candidatura um governo com mais de 80% de aprovação;
- é presidente da maior máquina partidária de Goiás, o MDB;
- é vice-governador, com data marcada para assumir o comando do Estado – abril, Caiado já avisou;
- ou seja, disputará a reeleição, pois estará no exercício do mandato, sentado no poder.
Isso explica duas coisas:
- ser o alvo natural dos adversários, embora hoje Caiado absorva a maior parte das críticas, como se fosse ele o candidato ao governo (vá entender a oposição);
- ser alvo de fogo amigo, que bate e assopra na expectativa de ser chamado para negociar espaços de poder – na chapa majoritária, em especial, já que, no governo, quase todos já estão (no máximo querem novos nacos).
E é este segundo ponto que tem chamado a atenção nos bastidores: no fogo cruzado dos aliados, o que há de fato é outra coisa ainda: uma corrida pela vice e uma vaga de candidato a senador, já que a outra é risa como reservada e carimbada para a primeira-dama, Gracinha Caiado.
A vice de Daniel está em disputa de forma mais estabanado do que profissional. Aliados do presidente da Assembleia legislativa, Bruno Peixoto (União Brasil), por exemplo, ao mesmo tempo que criticam Daniel e alguns até joguem pedras, emitem sinal claro de que tudo passará desde que Bruno seja o companheiro de chapa.
As opções, no entanto, são amplas. Adriano Rocha Lima, secretário de Governo, e apontado como o mais forte se a escolha couber única e exclusivamente ao governador Ronaldo Caiado. José Mário Schreiner, ex-deputado federal e atual presidente da Faeg – a federação dos agricultores –, surge como solução providencial caso o objetivo caminhe para agradar ao agronegócio e dividir os bolsonaristas, que é a direita não-caiadista.
Os bolsonaristas, porém, podem ocupar outro espaço: a candidatura ao Senado, com Gustavo Gayer. Que fazer de PP (Alexandre Baldy), PSD (Vanderlan Cardoso e/ou Gustavo Mendanha), ou demais legendas? Sim, no quesito especulações há abertura para mais de dois candidatos a senador. A ver.
Bruno Peixoto como eventual vice entra na conta de um possível agrado aos parlamentares aliados. Precisa? Cada um que avalie. Em termos de oferecer mais do que especular, há mais um personagem estratégico nesta história: a igreja Assembleia de Deus.
Recentemente o bispo Oídes José do Carmo foi eleito presidente vitalício da convenção estadual da igreja Assembléia de Deus em Goiás. Oíde já é presidente da Igreja Assembleia de Deus Ministério Madureira Campo de Campinas e da Convenção Estadual dos Ministros Evangélicos das Assembleias de Deus em Goiás (CONEMAD-GO).
A elevação a vitalício é uma deferência interna, de sua igreja, porém uma subida real na referência nacional. Isso faz dele, ao mesmo tempo, um líder com voz sobre uma comunidade fiel ao comando espiritual e leal ao posicionamento político definido.
Nessa perspectiva, nomes como Samuel Almeida e Rafael Gouveia, ex-deputados; Henrique César, atual deputado estadual; e Luiz e Euripedes, irmãos de Oídes do Carmo, surgem como candidatos a candidatos a vice.
Luiz do Carmo foi senador, levantou bandeira do municipalismo, tem trânsito livre no interior goiano e com colegas empresários. Euripedes do Carmo é hoje prefeito pela terceira vez de Bela Vista, município do entorno da capital, Goiânia.
De todos, Eurípedes é o que melhor se encaixa no perfil de gestor. Deixar a prefeitura para ser candidato a vice reforçaria ainda mais o compromisso de Daniel com a igreja, o entorno de Goiânia e a visão de que o foco de seu governo será a gestão.
Para Caiado, a solução viria a calhar. Pré-candidato a presidente, ter Oídes como aliado a abrir para ele as portas da Assembleia de Deus é abrir diálogo com segmento decisivo (os e angélicos) e com uma agremiação de grande importância. Bom para Daniel, melhor ainda para sua postulação presidencial.
Faltando um ano para a eleição, o clima de disputa interna pode até elevar a temperatura no governo. Porém serve de termômetro de como anda a perspectiva de poder em torno de Daniel. A paz gera tranquilidade, mas vitória, só na guerra.