Passageiros frequentes de voos domésticos pelo Brasil podem já ter notado sons incomuns durante as operações de certas aeronaves. Enquanto para alguns o ruído é apenas uma curiosidade técnica, para outros pode causar apreensão. Dois sons, em especial, chamam a atenção: um semelhante ao canto de uma baleia e outro que remete ao latido de um cachorro. Ambos são produzidos por aviões comuns no espaço aéreo nacional e, apesar do estranhamento, são normais e não indicam falhas.
O som que lembra o canto de uma baleia é característico do Embraer 195-E2, o maior jato comercial já produzido pela fabricante brasileira Embraer. O modelo utiliza motores PW1900G, da empresa Pratt & Whitney, que em determinadas variações de potência produzem uma ressonância interna. Essa vibração gera um som grave e prolongado, que pode ser ouvido especialmente durante acelerações, frenagens com reversores e manobras em solo. Apesar de chamativo, o ruído não representa nenhum risco à operação da aeronave e é considerado um subproduto da tecnologia de propulsão empregada.

Esse modelo é operado no Brasil principalmente pela Azul Linhas Aéreas. Outro avião que utiliza os mesmos motores — o Airbus A220 — também apresenta o mesmo som, mas não voa comercialmente no país.
Já o som que lembra um latido metálico, ou uma espécie de guincho repetitivo, é produzido por aeronaves da família Airbus A320, que inclui os modelos A318, A319, A320 e A321. O ruído vem da Power Transfer Unit (PTU), uma unidade que equaliza a pressão entre os sistemas hidráulicos da aeronave. Quando um dos motores está desligado — como durante taxiamento na pista com um motor só — a PTU entra em ação com ciclos curtos, emitindo vibrações que podem ser confundidas com latidos.

Essas aeronaves são comuns nas frotas da Latam e da Azul, e o barulho também é absolutamente normal. Entender a origem desses sons pode ajudar a reduzir a ansiedade de passageiros e tornar a experiência de voo mais tranquila.