As investigações da Polícia Federal (PF) no âmbito da Operação Sem Desconto identificaram o nome de um ex-assessor do atual senador Sergio Moro (União Brasil) em documentos relacionados a fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
A apuração, revelada pela coluna de Lauro Jardim, em O Globo, levou o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF), sob relatoria do ministro Dias Toffoli.
De acordo com os investigadores, o ex-colaborador de Moro, à época em que o ex-juiz chefiava o Ministério da Justiça, aparece em registros que tratam de mudanças administrativas. Essas alterações, segundo a PF, teriam permitido que entidades assistenciais passassem a atuar em sindicatos e associações patronais. Mais tarde, essas entidades foram usadas em esquemas que resultaram em descontos ilegais sobre aposentadorias e pensões.
Embora o nome de Sergio Moro não figure como investigado direto, a PF apontou que decisões tomadas durante sua gestão foram a “gênese” da estrutura que possibilitou os golpes. Em nota, o senador negou qualquer relação e afirmou que o ministério não tinha atribuições sobre contribuições associativas ou descontos previdenciários.
Além do ex-assessor, também foram citados no inquérito o deputado Fausto Pinato (PP-SP) e o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PP-RS). A Polícia Federal destacou movimentações financeiras ligadas a Onyx em 2022, quando disputou o governo do Rio Grande do Sul. Segundo o relatório, os valores vieram de intermediários da associação Amar Brasil, investigada por integrar o esquema. O ex-ministro afirmou ter recebido apenas doações legais de campanha e classificou as acusações como “fantasiosas”.
O deputado Fausto Pinato também negou qualquer ligação, explicando que seu nome apareceu apenas porque alugou, em 2024, um escritório no mesmo endereço de uma empresa investigada, o que classificou como uma “coincidência infeliz”.
O caso do INSS ainda se conecta a outro inquérito envolvendo Sergio Moro, em que o advogado Rodrigo Tacla Duran acusa o senador de tentativa de extorsão. Moro reagiu dizendo que sua citação é uma estratégia para “desviar a atenção” de problemas na atual gestão. O ministro Dias Toffoli determinou o compartilhamento dos inquéritos relacionados à operação.