O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy foi preso nesta terça-feira (21) para cumprir pena de cinco anos por conspiração no financiamento ilegal de campanha com recursos da Líbia. Sarkozy deixou sua casa por volta das 4h15 (horário de Brasília) e chegou cerca de 20 minutos depois à prisão de segurança máxima de La Santé, em Paris, acompanhado de sua esposa, Carla Bruni.
Aos 69 anos, o ex-presidente torna-se o primeiro ex-chefe de Estado francês preso desde Philippe Pétain, condenado no pós-Segunda Guerra Mundial por colaborar com o regime nazista. Condenado em setembro, Sarkozy ficará em cela individual de 9 a 12 metros quadrados, equipada com chuveiro, TV e telefone fixo. Ele permanecerá em isolamento, segundo o diretor do sistema prisional, Sébastien Cauwel.
Em nota divulgada nas redes sociais, Sarkozy reiterou sua inocência:
“Não é um ex-presidente que está sendo preso esta manhã — é um inocente. Continuarei a denunciar este escândalo judiciário.”
O caso encerra mais de uma década de investigações sobre a suposta doação de milhões de euros do regime líbio de Muammar Kadhafi à campanha de 2007, que o levou ao poder. Embora tenha sido considerado culpado de conspirar com assessores, Sarkozy foi absolvido de receber pessoalmente os fundos. Ele recorreu da decisão, mas a sentença prevê execução imediata, obrigando-o a iniciar o cumprimento da pena.
Em outra condenação, o ex-presidente já havia recebido pena alternativa com tornozeleira eletrônica, por tentativa de corrupção de um juiz.
Sarkozy afirmou ao Le Figaro que levou três livros para os primeiros dias na prisão, incluindo O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas. Seu advogado contou que ele se preparou com suéteres e protetores auriculares.
A decisão gerou repercussão política. Aliados classificaram a prisão como injusta, enquanto opositores viram nela sinal de rigor contra crimes de colarinho branco. Pesquisa do instituto Elabe mostra que 58% dos franceses consideram o julgamento imparcial, e 61% apoiam a execução imediata da pena.