O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, declarou que o governo pode adotar tarifa zero para produtos naturais que o país não produz, como café, manga, cacau e abacaxi.
A proposta, segundo ele, integraria futuros acordos com países exportadores desses itens. “Se vamos negociar com um país que produz manga ou abacaxi, então eles podem entrar sem tarifa. Café, coco, são outros exemplos de recursos naturais”, afirmou à rede CNBC.
Lutnick, no entanto, evitou mencionar o Brasil, maior fornecedor de café ao mercado norte-americano. O produto corre o risco de sofrer uma tarifa de 50% a partir de sexta-feira (1º), caso Donald Trump mantenha sua determinação.
O Brasil domina cerca de um terço do mercado de café nos EUA e, entre janeiro e maio, destinou 17% de sua exportação do grão para o país. Os EUA, por sua vez, produzem menos de 1% do café que consomem.
Especialistas apontam que uma tarifa de 50% tornaria o comércio inviável e causaria impacto direto no abastecimento interno. Atualmente, o Brasil exporta cerca de 8 milhões de sacas de café para os Estados Unidos todos os anos. Sem esse volume, os americanos teriam dificuldade em compensar o déficit. A Colômbia, segundo maior produtor, não possui capacidade para suprir essa lacuna.
Para evitar escassez, o mercado norte-americano precisaria recorrer ao café robusta (de qualidade considerada inferior). Ou importar arábica de outros países, o que poderia comprometer o sabor e a qualidade do café vendido.