Um estudo inédito publicado nesta segunda-feira (15) pela revista científica “Nature Medicine” concluiu que fatores como instabilidade política, poluição do ar e alta desigualdade social aceleram o envelhecimento da população. A pesquisa analisou dados de mais de 160 mil pessoas de 40 países, incluindo o Brasil, e contou com a participação de 41 cientistas da América Latina, Europa, África e Ásia.
O levantamento aponta que o ambiente político, social e ambiental de cada país influencia diretamente a saúde física e mental da população, aumentando o risco de declínio cognitivo e demência. Entre os fatores associados ao envelhecimento mais rápido estão a má qualidade do ar, desigualdades econômicas e de gênero, migração forçada, restrições políticas e democracias frágeis.
O estudo aplicou modelos de inteligência artificial e análises epidemiológicas para calcular a diferença entre a idade real das pessoas e a idade esperada com base em condições de saúde, cognição, escolaridade, funcionalidade e fatores de risco como problemas cardiometabólicos.
Os dados mostram que o envelhecimento é mais acelerado em países como Egito e África do Sul, enquanto nações europeias e asiáticas registraram índices mais baixos. O Brasil aparece em uma posição intermediária.
Os pesquisadores também identificaram que altos níveis de corrupção, baixa qualidade democrática e instabilidade institucional ampliam o envelhecimento populacional. “A confiança no governo melhora as condições de saúde, enquanto a desconfiança e a polarização política aumentam a mortalidade e fragilizam o sistema de saúde pública“, destacaram no estudo.
O estresse crônico provocado por governos instáveis contribui para o declínio cognitivo e cardiovascular. Para os autores, envelhecer vai além da genética e do estilo de vida, pois envolve o ambiente social, político e ambiental em que cada pessoa vive.