A investida estadunidense contra a soberania do Brasil ainda está longe de acabar. Agora o governo dos Estados Unidos abriu uma investigação comercial contra o Brasil e apontou uma série de práticas que, segundo o país norte-americano, estariam prejudicando empresas e trabalhadores americanos.
O documento oficial que embasa o processo cita diretamente o sistema de pagamentos instantâneos brasileiro, o Pix e rua 25 de Março, em São Paulo, conhecida pelo comércio e por casos de falsificações.
A investigação foi anunciada pelo Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês), por determinação do presidente Donald Trump.
A medida acontece poucos dias após os EUA comunicarem a aplicação de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros, com início previsto para 1º de agosto.
O que dá legitimidade jurídica à investigação é o amparo na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974.
Pix com os dias contados?
No documento, o governo americano alega que o Brasil utiliza o Pix, criado pelo Banco Central, de forma desleal, beneficiando serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo próprio Estado em detrimento da concorrência internacional.
Nesse caso, o Pix ameaçaria o duopólio das bandeiras de cartão de crédito: Mastercard e Visa.
Também afirma que a pirataria e o comércio de produtos falsificados seguem disseminados no país por falta de medidas punitivas eficazes — com destaque à rua 25 de Março, considerada um “mercado crônico” para itens ilegais.
Outros pontos de preocupação incluem questões de propriedade intelectual, barreiras ao mercado de etanol, desmatamento ilegal e ações do governo brasileiro contra plataformas digitais, consideradas pela gestão Trump como retaliações políticas.
O fator x: Bolsonaro
A crise comercial ocorre em meio a tensões diplomáticas. Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, foi citado como figura de apoio à medida americana, embora negue envolvimento direto. Seu filho, Eduardo Bolsonaro, articula nos EUA para pressionar por sanções.
Em contrapartida, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tenta negociar a retirada das tarifas com apoio da embaixada americana.
Enquanto isso, o governo Lula tenta conter os danos. Uma missão parlamentar ao Congresso dos EUA foi aprovada pelo Senado para buscar alternativas diplomáticas antes da entrada em vigor da tarifa. Exportadores do agronegócio já demonstram preocupação com embarques em andamento.