Viajar de avião exige o cumprimento rigoroso de normas de segurança. Uma das determinações mais óbvias e principais obriga os passageiros a permanecerem sentados com o cinto afivelado durante a decolagem e o pouso. Mas o que fazer quando uma emergência fisiológica acontece justamente nesse momento crítico?
Proteção
Embora as fases de aproximação final e pouso concentrem a maior porcentagem de acidentes fatais na aviação, seguidas pela decolagem e subida inicial, todas as etapas do voo exigem máxima atenção à segurança. Por isso, durante a decolagem, as companhias aéreas e os regulamentos exigem que todos os passageiros fiquem sentados, com os cintos apertados e os assentos na posição vertical.
Ninguém pode circular na cabine — nem para usar o banheiro — durante as fases críticas de decolagem e pouso. Essa regra busca proteger os ocupantes em caso de turbulência severa, uma freada brusca (durante o taxi ou decolagem abortada) ou uma arremetida, onde um passageiro sem cinto pode ser arremessado e se ferir ou ferir outras pessoas.
No caso do Brasil, a principal regulamentação vem da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) por meio do Regulamento Brasileiro da Aviação Civil (RBAC) nº 121,
- Seção 121.571 – Informações de segurança para os passageiros
- (a)(3) – “Durante o taxi, a decolagem e o pouso, cada passageiro deve estar com o cinto de segurança afivelado e sentado na posição adequada.”
- (b) – “O operador deve assegurar que os cintos de segurança estejam afivelados durante o taxi, a decolagem e o pouso, por meio de sinalização luminosa e instruções da tripulação.”
Urgência
Mesmo assim, emergências fisiológicas podem surgir. Passageiros com quadros de diarreia, por exemplo, podem enfrentar urgência incontrolável justamente quando o avião inicia os procedimentos para sair do solo.
Nessas situações, o ideal é avisar imediatamente a tripulação. Comissários de bordo recebem treinamento para lidar com diversas ocorrências, incluindo as médicas e as que envolvem a saúde dos passageiros, e orientarão conforme os protocolos de segurança.
É fundamental entender que, uma vez que as portas da aeronave estão fechadas e os procedimentos para pushback ou taxi estão prestes a começar (ou já começaram), a regra geral é que todos os passageiros devem estar sentados e com os cintos afivelados.
Comissários de bordo não costumam autorizar o uso do lavatório durante essa fase crítica. Se um passageiro precisar urgentemente ir ao banheiro nesse momento, isso causará uma interrupção significativa e um problema operacional, pois a aeronave não pode se movimentar com alguém fora do assento. É uma questão de cumprimento da norma de segurança, não de permissão.
Se a aeronave já estiver taxiando ou ganhando velocidade para decolar, o passageiro deverá esperar. Mesmo com desconforto extremo, sair do assento pode colocar em risco outros ocupantes. A orientação da tripulação seguirá as normas de segurança, e descumpri-las pode causar consequências graves.
Caso real
Em 2023, um voo da Delta Airlines (DL112), que seguia de Atlanta para Barcelona, precisou retornar ao aeroporto de origem após um passageiro sofrer um episódio grave de diarreia. O caso aconteceu cerca de 30 minutos depois da decolagem.
A situação foi tratada como risco biológico, pois o fluido se espalhou pelo corredor da aeronave, gerando forte odor e exigindo descontaminação do ambiente. Não houve feridos, mas o incidente comprometeu o conforto e a operação da companhia.
É possível atrasar um voo?
Embora seja menos comum que voos retornem ao portão ou atrasem a decolagem especificamente por um passageiro precisar usar o banheiro antes da partida, o mais normal é que, se um passageiro se recusar a sentar ou causar uma interrupção, o voo atrase ou retorne por não cumprimento das regras de segurança.
O que fazer para evitar?
Antes de embarcar, é importante observar os sinais do corpo. Em caso de mal-estar muito forte, o melhor é procurar ajuda médica e considerar remarcar o voo. Para sintomas leves, medicamentos de venda livre podem ajudar a prevenir emergências durante a viagem.
O mais importante é lembrar: nenhuma emergência fisiológica se sobrepõe às normas de segurança aérea. A sensação de urgência pode ser grande, mas se levantar em momentos críticos pode colocar em risco a sua integridade e a de outros a bordo.