De acordo com a Agência Brasil, servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e moradores de uma comunidade quilombola em Santo Antônio do Descoberto (GO), região do Entorno do Distrito Federal, denunciaram ameaças feitas por grileiros durante estudos de reconhecimento de território. A área, conhecida como Antinha de Baixo ou “Antinha dos Pretos”, possui cerca de 1,5 mil hectares e é reivindicada como remanescente quilombola.
Segundo o Incra, os servidores que atuam na região enfrentam intimidações enquanto realizam análises antropológicas que podem resultar na titulação do território. O órgão informou que pediu apoio das forças de segurança e da Câmara Nacional de Conciliação Agrária para garantir a continuidade do processo. Lideranças locais também afirmam que moradores da comunidade sofrem pressões e que há circulação de pessoas armadas.

Pesquisadores apontam que o interesse pelo local pode estar relacionado à suspeita de que a região seja rica em terras raras, minerais de alto valor econômico. O Incra não detalhou quem seriam os autores das ameaças, mas indicou que os responsáveis incluem grupos políticos e econômicos com interesses na área.

A Polícia Militar de Goiás declarou que não recebeu solicitação formal sobre o caso, mas se colocou à disposição para atuar preventivamente. Já a Secretaria de Segurança Pública não respondeu até o fechamento da reportagem.

O conflito agrário remonta à década de 1940 e envolve diferentes disputas judiciais por posse da terra. Em agosto, uma decisão judicial chegou a determinar a desocupação de imóveis da comunidade, mas foi suspensa por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar da decisão, moradores relatam que casas foram demolidas por tratores sob ordens de supostos proprietários ligados a famílias influentes no estado.
Para as famílias quilombolas, o reconhecimento oficial do território é fundamental para preservar sua história e modo de vida, sustentado pela agricultura e pela produção artesanal, como a rapadura. Mesmo após a intervenção do STF, moradores afirmam que ainda convivem com insegurança e medo diante das ameaças.