O dentista preso pela morte da ex-namorada em Ceres, no centro de Goiás, fotografou o momento em que realizava um aborto em um motel, pouco antes da jovem de 20 anos morrer. A informação foi confirmada pelo delegado Matheus Costa Melo, que apontou a namorada do suspeito, uma técnica de enfermagem, como responsável por aplicar a medicação abortiva, ambos seguem presos após audiência de custódia.
Durante coletiva nesta segunda-feira (11), o delegado informou que concluiu o inquérito policial. A Polícia Civil analisou documentos, laudos e dados extraídos dos celulares da vítima e dos investigados. A apuração apontou que a jovem havia consentido com o procedimento.
O suspeito e a vítima tiveram um relacionamento anterior e, segundo a investigação, ela estava grávida de cerca de dois meses. Os nomes dos envolvidos não foram divulgados.
O Conselho Regional de Enfermagem de Goiás (Coren-GO) afirmou que acompanha o caso e se solidarizou com a família, ressaltando que, se confirmada a conduta da profissional, ela será avaliada à luz da ética e da legislação da categoria. Já o Conselho Regional de Odontologia de Goiás (Cro-GO) declarou que o crime não tem relação com o exercício da profissão, mas acompanha as investigações.
O motel onde ocorreu o aborto lamentou a morte da jovem e declarou que não compactua com práticas ilegais ou que atentem contra a vida e os direitos humanos.
O crime aconteceu na sexta-feira (1º). Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que a vítima entrou no carro com o dentista e a técnica, a chegada ao motel e a saída para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
Segundo o suspeito, a jovem o procurou afirmando estar grávida dele. Na primeira tentativa de comprar o medicamento abortivo pela internet, os dois caíram em um golpe. Na segunda, o dentista encomendou um remédio manipulado após pesquisar sobre o assunto. Eles pediram 30 comprimidos, mas aplicaram o medicamento na veia, contrariando a forma correta, ingestão oral, conforme explicaram médicos ouvidos pela polícia.

Dez minutos após a aplicação, a vítima começou a convulsionar, sofreu parada respiratória e chegou inconsciente à UPA, com crises convulsivas e sinais de aborto clandestino, ela morreu no local.