Setembro é reconhecido mundialmente como o mês de prevenção ao suicídio. Conhecido como Setembro Amarelo, o movimento busca quebrar tabus e ampliar o acesso à informação em um tema ainda marcado por preconceitos e dificuldades tanto na identificação de sinais quanto na procura por ajuda.
No Brasil, a mobilização ganhou força em 2017, quando o debate sobre o tema alcançou maior visibilidade. No ano seguinte, o Centro de Valorização da Vida (CVV), uma das principais entidades responsáveis pela campanha, organizou uma série de atividades nos mais de 90 postos de atendimento espalhados pelo país. Caminhadas, palestras, distribuição de folhetos, iluminação de prédios públicos e ações em locais turísticos marcaram a programação.
Carlos Correia, voluntário e porta-voz do CVV, destaca que setembro é o período mais intenso para os colaboradores da instituição. “Nos preparamos desde o início do ano para aproveitar esse importante momento de falar sobre prevenção do suicídio e, aos poucos, quebrar alguns tabus”, afirma.
Ele lembra que o país registra 32 suicídios por dia, em média uma morte a cada 45 minutos. Para Correia, pedir ajuda antes que a pressão emocional “transborde” pode salvar vidas. Conversas acolhedoras, sem julgamentos, já ajudam a aliviar crises, ainda que em muitos casos seja necessário acompanhamento médico ou psicológico.
O movimento Setembro Amarelo nasceu em 2015 com o objetivo de sensibilizar e conscientizar a sociedade. O suicídio representa um grave problema de saúde pública: segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas tiram a própria vida por ano no mundo, com estimativas que ultrapassam 1 milhão de casos ao considerar subnotificações. No Brasil, a média é de 14 mil mortes anuais, ou 38 por dia. Apesar da queda global, as Américas seguem na contramão, com índices em alta.
A OMS aponta que quase a totalidade dos suicídios estão ligados a transtornos mentais não diagnosticados ou tratados de forma inadequada. Com o devido acompanhamento, a maioria dos casos poderia ser evitada. Entre jovens de 15 a 29 anos, o suicídio já aparece como a quarta principal causa de morte, atrás apenas de acidentes de trânsito, tuberculose e violência interpessoal.
No Brasil, dados do Ministério da Saúde mostram que, entre 2016 e 2021, a taxa de mortalidade por suicídio aumentou 49,3% entre adolescentes de 15 a 19 anos e 45% entre os de 10 a 14 anos. Em média, 12,6 homens a cada 100 mil morrem por suicídio, entre as mulheres essa taxa é de 5,4. A taxa masculina é mais alta em países de alta renda, enquanto entre mulheres os índices são maiores em países de média e baixa renda.
Atualmente, apenas 38 países possuem estratégias nacionais de prevenção. Segundo estudo da Unicamp, 17% dos brasileiros já pensaram seriamente em acabar com a própria vida, e 4,8% chegaram a elaborar um plano. No entanto, campanhas educativas, como o Setembro Amarelo, têm ajudado a derrubar barreiras e estimular a procura por informação e apoio.
Sinais de alerta incluem isolamento, mudanças bruscas de comportamento, perda de interesse em atividades habituais, alteração no sono e no apetite, além de frases como “quero desaparecer” ou “preferia estar morto”. Nessas situações, a escuta ativa, a empatia e o encaminhamento a um médico psiquiatra são fundamentais.
O CVV atua como complemento ao tratamento profissional e oferece apoio gratuito, 24 horas por dia. Para conversar com um voluntário, basta ligar 188 ou acessar o site www.cvv.org.br.