O advogado Celso Vilardi, responsável pela defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou que não existem evidências que conectem seu cliente aos atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro de 2023, nem a manifestações realizadas por apoiadores em acampamentos em frente a quartéis pelo país.
Segundo Vilardi, a acusação de que Bolsonaro teria instigado tais atos precisa demonstrar de forma concreta quem ele teria instigado e qual ação teria sido provocada. “Juridicamente essa acusação não é possível”, afirmou.
O advogado também destacou que os acordos de não persecução penal firmados com os presos do episódio de 8 de janeiro não indicam Bolsonaro como instigador.
Além disso, Vilardi questionou a validade da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. De acordo com a defesa, Cid teria descumprido regras do acordo ao utilizar contas de sua esposa para tratar do conteúdo de sua colaboração e teria mostrado intenção de deixar o país, segundo informações da Polícia Federal. O militar nega ambas as acusações.
O advogado também criticou o volume de informações produzidas pela investigação, que ultrapassou 70 terabytes, afirmando não ter tido tempo suficiente para analisar o material ou interrogar testemunhas e outros réus, comprometendo a chamada paridade de armas.
“Pela primeira vez em 34 anos de advocacia, eu não conheço a íntegra desse processo”, disse Vilardi.
Sobre as alegações envolvendo o chamado plano Punhal Verde Amarelo e a Operação Luneta, a defesa sustenta que não há nenhuma prova que vincule Bolsonaro a esses documentos ou aos ataques de 8 de janeiro, quando apoiadores invadiram e depredaram os prédios dos Três Poderes após a derrota do ex-presidente na eleição de 2022.