Inédita regra dos 8 segundos rende escanteio e gol da vitória para o Caxias
Caxias do Sul (RS), 14 de abril de 2025 – A primeira rodada da Série C do Campeonato Brasileiro foi marcada por um lance inédito e decisivo, que colocou em prática a nova regra da FIFA sobre a reposição de bola pelos goleiros. No duelo entre Caxias e Floresta-CE, realizado neste domingo (13) no Estádio Centenário, um escanteio gerado pela infração do goleiro acabou resultando no único gol da partida, garantindo a vitória do time gaúcho por 1 a 0.
A jogada que decidiu o confronto aconteceu aos 34 minutos do segundo tempo, quando o goleiro Dalton, do Floresta, demorou mais do que o permitido para repor a bola em jogo. De acordo com a nova regulamentação implementada pela International Football Association Board (IFAB) e já adotada pela CBF, o arqueiro tem no máximo oito segundos para soltar a bola após dominá-la com as mãos. Se ultrapassar esse tempo, o adversário é beneficiado com um escanteio – em substituição ao antigo tiro livre indireto, que raramente era assinalado.
No lance específico, Dalton permaneceu com a bola por aproximadamente 10 segundos antes de fazer a reposição, o que levou o árbitro Luiz Augusto Silveira Tisne a aplicar a nova regra. Apesar dos protestos dos jogadores do Floresta, a decisão foi mantida. Na cobrança do escanteio, a defesa cearense não conseguiu afastar o perigo, e Willen Mota, estreante no Caxias, aproveitou a sobra na pequena área para balançar as redes.
Esse foi o primeiro gol do futebol brasileiro diretamente influenciado pela regra dos oito segundos. A norma já havia sido aplicada anteriormente, na partida entre Paysandu e Athletico-PR pela Série B, quando o goleiro Mycael segurou a bola por 13 segundos, também gerando escanteio, mas sem alteração no placar.
Nova era contra a cera
A principal intenção da nova regra é coibir a prática da chamada “cera” — quando goleiros retardam propositalmente a retomada do jogo para ganhar tempo. Agora, os árbitros devem fazer uma contagem visual dos últimos cinco segundos, com a mão erguida, após contabilizarem três segundos mentalmente. O tempo começa a ser cronometrado assim que o goleiro assume total controle da bola, mesmo que esteja no chão.
Além da Série C, a regra também está sendo utilizada em competições internacionais como a Libertadores, a Sul-Americana e estará presente no Mundial de Clubes de 2025. A medida promete transformar a dinâmica das partidas, exigindo mais agilidade dos goleiros e reforçando a autoridade dos árbitros na gestão do tempo de jogo.
O episódio envolvendo Caxias e Floresta serve como exemplo prático do impacto direto dessa mudança no resultado de uma partida. A vitória do time gaúcho, construída sobre um detalhe técnico até então pouco valorizado, reforça a necessidade de adaptação imediata por parte dos jogadores e comissões técnicas às novas normas do futebol.