Os Estados Unidos voltaram a endurecer o tom contra a China. O presidente Donald Trump anunciou nesta sexta-feira (10) tarifas adicionais de 100% sobre produtos chineses a partir de 1º de novembro, reabrindo a disputa comercial que havia esfriado nos últimos meses.
O anúncio ocorre um dia depois de Pequim restringir a exportação de minerais de terras raras, considerados vitais para as cadeias globais de tecnologia, defesa e energia limpa. Trump acusou o governo chinês de agir com “agressividade inédita” e prometeu retaliar com medidas de mesma intensidade.
“É absolutamente inédito no comércio internacional. Uma vergonha moral no trato com outras nações”, escreveu o republicano em sua rede Truth Social.
Trump também afirmou que vai suspender o encontro com Xi Jinping, previsto para ocorrer nos bastidores da Cúpula da APEC. Segundo ele, “não há razão para essa reunião”, após as decisões de Pequim.
Mercados reagem e temores crescem
O anúncio derrubou bolsas em todo o mundo. Wall Street teve forte recuo, com o Dow Jones caindo 1,9%, o S&P 500 perdendo 2,71% e o Nasdaq despencando 3,56% — as maiores quedas desde abril.
O reflexo também atingiu o Brasil: o dólar saltou 2,38%, para R$ 5,5031, e o Ibovespa caiu 0,73%, encerrando a 140.680 pontos. Investidores correram para ativos seguros, como títulos do Tesouro americano e ouro, enquanto o dólar perdeu força frente a outras moedas.
Trump ainda anunciou controles de exportação sobre “todo e qualquer software crítico”, ampliando o confronto tecnológico com Pequim.
O papel das terras raras
As terras raras são 17 elementos químicos fundamentais para a produção de chips, motores elétricos, celulares e equipamentos militares. A China domina mais de 90% do refino mundial desses materiais e, segundo o governo chinês, vai incluir novos elementos e tecnologias de refino sob controle de exportação.
A medida afeta diretamente os EUA, que dependem das importações para manter sua indústria de semicondutores. Trump afirmou que a decisão chinesa busca “estrangular os mercados” e garantiu que Washington responderá “na mesma moeda”.
“Os EUA possuem posições monopolistas muito mais fortes que as da China. Eu apenas nunca as usei — até agora”, disse o presidente.
Nova etapa da guerra comercial
A escalada ameaça reacender a guerra tarifária entre Washington e Pequim, que havia sido suspensa após longas rodadas de negociação. A imposição simultânea de restrições, da parte chinesa, sobre minerais críticos; e da americana, sobre produtos e softwares amplia o risco de ruptura nas cadeias de suprimento globais.
Com o anúncio, o republicano reforça o discurso protecionista que marcou seu primeiro mandato e recoloca a China como principal alvo econômico e político dos EUA.