AGU pede decisão urgente contra fraudes e violência nas redes sociais

AGU quer STF obrigue redes a agir contra fake news sem esperar ordem judicial. Meta lucra com anúncios falsos, diz WSJ.

Compartilhe

Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu nesta segunda-feira (26) ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma decisão urgente para obrigar plataformas de redes sociais que operam no Brasil a interromperem a disseminação de notícias falsas e impedirem a violência digital

A AGU sustenta que a medida urgente é necessária diante da “continuada conduta omissiva dos provedores de aplicação de internet em remover e fiscalizar de forma efetiva os mencionados conteúdos, em desrespeito aos deveres de prevenção, precaução e segurança”.

O pedido aponta para os episódios mais recentes de fraudes relativas à Operação Sem Desconto, que apura descontos indevidos feitos por associações nas aposentadorias pagas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). 

Um levantamento feito na biblioteca de anúncios da empresa Meta, dona das plataformas Facebook e Instagram, por exemplo, identificou mais de 300 anúncios fraudulentos prometendo falsas indenizações do INSS, usando imagens manipuladas de figuras públicas e logotipos oficiais.

No texto, a AGU cita também episódios recentes de violência digital, como a morte, em abril, de uma criança de 8 anos no Distrito Federal. A polícia investiga a relação do óbito com o desafio do desodorante, em que crianças são estimuladas por meio de plataformas como Kwai e Tik Tok, a inalar o spray do produto

Assim como em manifestações anteriores, a AGU defende que as empresas responsáveis pelas redes sociais que “impulsionam, moderam ou recomendam conteúdo ilícito devem ser responsabilizadas independentemente de notificação judicial”

O órgão menciona reportagem publicada pelo jornal norte-americano The Wall Street Journal, em 15 de maio, segundo a qual haveria “uma deliberada falta de interesse da empresa Meta na verificação de anúncios”

Segundo a reportagem, uma análise interna feita em 2022 pela empresa identificou que 70% dos anúncios recentes da plataforma faziam propaganda de golpes, itens ilegais ou produtos de baixa qualidade

Ainda segundo documentos internos, os quais o jornal diz ter analisado, a Meta tem se mostrado resistente em derrubar esses anúnciosdiante de uma alta de 22% no faturamento da empresa com propaganda, que foi de US$ 160 bilhões no ano passado

Seriam necessárias, por exemplo, entre oito a 32 infrações antes de uma conta fraudulenta ser banida das plataformas da Meta.

Entenda

O pedido da AGU foi feito nos processos em que o Supremo julga a constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet. O dispositivo prevê que as empresas só podem ser responsabilizadas por publicações de terceiros nas redes sociais se antes houver uma ordem judicial para derrubar cada conteúdo específico. 

O Supremo já começou a julgar um recurso sobre o assunto, com repercussão geral, ou seja, ao final do julgamento os ministros devem estabelecer uma tese, um enunciado, declarando o entendimento que deve ser seguido por todos os tribunais sobre o assunto. 

A análise mais recente do tema pelo plenário ocorreu em dezembro, quando um pedido de vista do ministro André Mendonça interrompeu o julgamento. 

O placar está em 2 a 1 pela responsabilização imediata das plataformas no caso de publicação de conteúdos ilícitos, sem a necessidade de que a remoção desse conteúdo tenha sido determinada antes por ordem judicial. 

Votaram nesse sentido os ministros Dias Toffoli e Luiz Fux, que defendem uma responsabilização ampla das plataformas caso não derrubem publicações e anúncios com teor ilícito. Para eles, é necessário que as empresas promovam um monitoramento ativo sobre o que é publicado em suas redes. 

O ministro Luís Roberto Barroso divergiu em parte, argumentando que seria imprescindível o descumprimento de alguma ordem judicial para que as plataformas possam ser responsabilizadas nos casos de crimes contra a honra, como a exposição de imagem sem autorização ou a calúnia e difamação.

Barroso reconheceu, contudo, que o artigo 19 não incentiva as plataformas a impedirem violações contra direitos fundamentais e democráticos, pelas quais as empresas poderiam ser responsabilizadas antes de descumprirem ordem judicial de remoção, sobretudo nos caso de anúncios e de impulsionamento pagos. 

Ainda não há data definida para que o tema volte a ser julgado pelo plenário do Supremo. A AGU já solicitou, em mais de uma ocasião, celeridade no desfecho do julgamento.

OUÇA O PRIMEIRO EPISÓDIO DO PODCAST DO PORTALGO: QUEM VAI GANHAR?

Recentes
Boi Garantido conquista seu 33º Festival Folclórico de Parintins
Boi Garantido conquista seu 33º Festival Folclórico de Parintins
Cultura · 3h
Solidão vira problema global de saúde e afeta 1 a cada 6 pessoas, aponta OMS
Solidão vira problema global de saúde e afeta 1 a cada 6 pessoas, aponta OMS
Saúde · 4h
Segundo Unifesp 11,4 milhões de brasileiros já usaram cocaína ou crack
Segundo Unifesp 11,4 milhões de brasileiros já usaram cocaína ou crack
Saúde · 5h
Adeus a Jorge Braga: cartunista morre em Goiânia
Adeus a Jorge Braga: cartunista morre em Goiânia
Goiás · 8h
Mais do PortalGO
Murilo Huff
Foto: Reprodução Instagram
Murilo Huff obtém guarda provisória do filho
Murilo Huff conquista a guarda provisória do filho Leo em disputa judicial contra avó materna do garoto 01 jul 2025 · Entretenimento
Foto: Unsplash
A origem dos signos
Conheça a origem dos signos do Zodíaco e sua evolução histórica, da Mesopotâmia até a cultura popular contemporânea. 01 jul 2025 · Cultura
Foto: Reprodução Instagram
Corpo de Juliana Marins chega ao Brasil nesta terça-feira
Corpo de Juliana Marins, morta em acidente na Indonésia, passará por uma nova autópsia 01 jul 2025 · Brasil
Divulgação: FIFA
Após as oitavas de final, restam 2 brasileiros na briga pelo titulo do mundial
Paulino decide e Palmeiras reencontra Chelsea em 04/07. Flu avança após atuação sólida; Fla cai com 4×2 para Bayern. 01 jul 2025 · Esportes
Foto: Unsplash
Confira alguns títulos que chegam à Netflix em julho
Confira os principais lançamentos da Netflix em julho, incluindo documentários, séries e filmes. 01 jul 2025 · Cultura
Foto: Divulgação Secom Prefeitura de Aparecida
Aparecida de Goiânia oferece quase mil vagas de emprego nesta semana
Sistema Municipal de Emprego (SIME) de Aparecida de Goiânia oferece 934 vagas em diversas áreas nesta semana. 01 jul 2025 · Cidades
Divulgação – Prefeitura de Goiânia
Goiânia implementa nova tecnologia para os ônibus
Prefeitura implanta chip que faz semáforos abrirem para ônibus em Goiânia. Meta: 200km de vias metronizadas até 2027 para agilizar transporte. 01 jul 2025 · Cidades
Divulgação: Câmara Municipal de Anápolis
Jornalista Vassil Oliveira assume comunicação da Câmara de Anápolis
Nomeação estratégica: Vassil Oliveira com 3 décadas de experiência para comunicação legislativa em Anápolis. Já chefiou ABC e mídias goianas. 30 jun 2025 · Poder
Foto: Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos
CNU abre inscrições em julho com 3.642 vagas em 32 órgãos
Concurso Unificado 2025 abre com 3.642 vagas. FGV organiza seleção em 9 blocos temáticos. Inscrição única para vários cargos. Taxa: R$70. 30 jun 2025 · Trabalho
Foto: Victor Piemonte/STF
Barroso define Moraes como relator de ação sobre decreto do IOF no STF
Moraes julgará ADI sobre decreto do IOF. PSOL alega que Congresso feriu Constituição ao sustar medida sem comprovar abuso do Executivo. 30 jun 2025 · Política