O Rio de Janeiro viveu, na terça-feira (28), um dos dias mais violentos de sua história recente. A Operação Contenção, deflagrada nas primeiras horas do dia pelas polícias Civil e Militar, terminou com pelo menos 64 mortos, incluindo quatro policiais, e 81 presos. O governo estadual classificou a ação como a maior operação de segurança pública dos últimos 15 anos e a mais letal já registrada no estado.
A operação teve como alvo os Complexos do Alemão e da Penha, na zona norte, onde vivem cerca de 200 mil pessoas em 26 comunidades. O objetivo, segundo o governo, era cumprir mandados de prisão e conter a expansão territorial da facção criminosa Comando Vermelho, que domina grande parte dessas regiões. A ofensiva envolveu 2,5 mil agentes, incluindo equipes do Bope, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) e promotores do Ministério Público Estadual, após mais de um ano de investigação e 60 dias de planejamento.

Durante o dia, tiroteios intensos, o uso de drones com explosivos e o fechamento de principais vias da cidade paralisaram o Rio. Criminosos ordenaram bloqueios na Linha Amarela, na Avenida Brasil e em ruas de bairros como Méier, Jacarepaguá e Engenho Novo. Ônibus foram incendiados ou atravessados como barricadas — mais de 50 coletivos foram usados em bloqueios. As universidades públicas UFRJ, Uerj e Faetec suspenderam as aulas por motivos de segurança.
Até o momento 64 mortes foram confirmadas. Entre as vítimas estão quatro policiais — dois civis e dois do Bope. As forças de segurança afirmam ter apreendido 93 fuzis, pistolas, granadas e mais de 500 kg de drogas. Entre os detidos está um dos líderes da facção, conhecido como “Belão”.

O governador Cláudio Castro afirmou que o Estado enfrentou “narcoterrorismo” e que o uso de tecnologia de guerra pelos criminosos exigiu resposta proporcional. Ele solicitou ao governo federal dez vagas em presídios federais para transferir lideranças do Comando Vermelho. “O Rio não vai tolerar conivência nem complacência com o crime”, disse.
A repercussão foi imediata. No STF, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifeste em 24 horas sobre a operação, após pedido do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), que quer esclarecimentos sobre a letalidade e eventuais violações.

Nas redes sociais, termos como “Comando Vermelho” e “Hell de Janeiro” ficaram entre os mais comentados. Imagens de tiroteios e barricadas circularam amplamente, enquanto moradores denunciaram corpos em áreas de mata e ações violentas da polícia.
Com 64 mortos confirmados oficialmente, a Operação Contenção supera a do Jacarezinho, de 2021, que deixou 28 mortos e era até então a mais letal do estado.
*Com informações da Agência Brasil










