Lula na China: primeira agenda resulta em R$ 1 bi para combustível verde de aviação

Investimento em projeto de combustível feito de cana-de-açúcar para aviões é o primeiro resultado comercial das reuniões que começaram nesta segunda, em Pequim

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Lula fecha acordos com companhias chinesas na primeira rodada de reuniões. Á esquerda, o governador do Piauí, Rafael Fonteles Foto: Ricardo Stuckert / PR

Em sua quarta visita de Estado à China – a terceira em pouco mais de dois anos –, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu, nesta segunda-feira, 12 de maio, sua agenda oficial em Pequim. O líder brasileiro participou de quatro audiências com executivos de empresas chinesas ligadas aos setores de energia sustentável e defesa. Os encontros resultaram no anúncio de investimentos de US$ 1 bilhão na produção de SAF (combustível renovável para aviação) por meio da Envision Group, e na criação de um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em parceria entre a Windey Technology e a Senai-Cimatec na área de energia renovável.

“O presidente atendeu separadamente várias empresas que vão investir no Brasil, fazer parcerias com instituições brasileiras, montar centros de pesquisa, e gerar desenvolvimento de tecnologia na área de energia”, disse o ministro Rui Costa (Casa Civil), ao final dos encontros. “Concluímos uma audiência com um anúncio de investimento de US$ 1 bilhão para a produção de SAF a partir da cana-de-açúcar no Brasil. O Brasil se tornará um dos maiores produtores de combustíveis verdes de aviação”. O SAF é uma alternativa ao combustível aeronáutico de origem fóssil, produzido a partir de matérias-primas e processos que atendam a padrões de sustentabilidade.

“Nós assinamos aqui um centro de P&D com a SENAI CIMATEC na área de energia renovável”, continuou o ministro. “Todas essas sinergias buscam fazer parcerias na área de desenvolvimento tecnológico, incluindo formação de talentos e a instalação de centros de pesquisa e produção no Brasil.” Entre os acordos, estão iniciativas cruciais que envolvem energia renovável, energia eólica, solar, projetos híbridos e armazenamento em território brasileiro. “O Brasil é um dos países que mais investiu em eólico e solar, mas hoje é carente de poder armazenar essa energia”.

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Para o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, “o presidente veio à China para, mais uma vez, fortalecer essa relação bilateral tão fundamental para o desenvolvimento e para a convergência de ambos os países”. Ele também revelou que outros investimentos deverão ser anunciados ainda durante esta visita de Estado.

AUDIÊNCIAS – Na primeira audiência, o presidente Lula recebeu o presidente do grupo automotivo GAC, Feng Xingya. Em seguida, Lula reuniu-se com o presidente do Conselho da Windey Energy Technology Group, Chen Qi. A empresa lidera a pesquisa, o projeto, a fabricação e a manutenção de turbinas eólicas de grande porte na China.

A terceira audiência foi concedida a Cheng Fubo, CEO da Norinco (China North Industries Corporation). A estatal chinesa opera na indústria de defesa, além de projetos voltados à infraestrutura, como construção de rodovias, ferrovias, usinas hidrelétricas e estações de tratamento de água.

Por fim, o presidente Lula recebeu o CEO da Envision Group, Lei Zhang. Com sede em Xangai, e empresa atua em soluções de energia inteligente e em setores como energia eólica, armazenamento de energia e, com especial destaque, no desenvolvimento de SAF, uma das prioridades da nova agenda de transição energética brasileira, incluída na Lei do Combustível do Futuro.

Além de Lula, Rui Costa e Alexandre Silveira, participaram das reuniões, pelo lado brasileiro, os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Frederico de Siqueira Filho (Comunicações), além do embaixador do Brasil na China, Marcos Bezerra Abbott Galvão, do presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, e do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. Já pelo lado chinês, os encontros foram acompanhados por diversos executivos das quatro empresas.

As audiências resultaram, ainda, na assinatura de um Memorando de Entendimento sobre Sistema de Gestão e Segurança Pública para Cidades Inteligentes entre a Telebras e a Norinco Brasil.

MAIOR PARCEIRO COMERCIAL – Desde 2009, a China é o maior parceiro comercial do Brasil. Desde 2004, quando o presidente Lula visitou a China pela primeira vez, o comércio bilateral cresceu mais de 17 vezes, e chegou, em 2023, ao recorde de US$ 157,5 bilhões, com exportações brasileiras de US$ 104,3 bilhões, importações de US$ 53,1 bilhões e superávit para o Brasil de US$ 51,14 bilhões. As exportações brasileiras para a China foram superiores à soma das vendas do país para os Estados Unidos (US$ 36,9 bilhões) e para a União Europeia (US$ 46,3 bilhões).

US$ 38,8 BILHÕES NO TRIMESTRE – Entre janeiro a março de 2025, o intercâmbio comercial entre os países foi de cerca de US$ 38,8 bilhões. No período, o Brasil exportou US$ 19,8 bilhões e importou US$ 19 bilhões. Entre os principais produtos exportados pelo Brasil estão óleos brutos de petróleo, soja e minério de ferro e concentrados. O Brasil, por sua vez, importa principalmente embarcações, equipamentos de telecomunicações, máquinas e aparelhos elétricos, válvulas e tubos termiônicos (válvulas).

COMÉRCIO AGRÍCOLA – Os dois governos têm mantido contatos para ampliar e diversificar a pauta comercial agrícola. Em março deste ano, as autoridades sanitárias chinesas anunciaram a habilitação de 38 novos frigoríficos brasileiros exportadores de carne, o maior número de plantas autorizadas de uma só vez na história: 24 plantas produtoras de carne bovina, oito de carne de aves e um estabelecimento de carne bovina termoprocessada, além de cinco entrepostos (um de carne bovina, três de frango e um de suínos). Antes dessa leva de autorizações, o Brasil tinha 106 plantas habilitadas para a China: 47 de aves, 41 de bovinos, 17 de suínos e 1 de asininos. A China foi o destino de mais de um terço de toda a exportação do agro brasileiro (36,2%) em 2024.

INVESTIMENTO – A China figura entre as principais fontes de investimento estrangeiro direto no Brasil. Destacam-se os investimentos nos setores de eletricidade e de extração de petróleo, bem como de transportes, telecomunicações, serviços financeiros e indústria. Desde 2003, de acordo com o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), o Brasil foi o principal destino de investimentos chineses na América Latina (39% do total). O CEBC estima que, entre 2007 e 2023, os investimentos chineses no Brasil tenham chegado a US$ 73,3 bilhões, resultado de 264 projetos nas cinco regiões do país. Do total de investimentos chineses no Brasil destinados à indústria, destacam-se sobretudo a automotiva, eletroeletrônica e de máquinas e equipamentos. Os 93 projetos industriais e de tecnologia da informação equivalem a 36% do número total de empreendimentos chineses no Brasil.

AMPLO RELACIONAMENTO – O relacionamento entre as duas nações vai além da esfera bilateral. Brasil e China têm mantido diálogo em mecanismos como BRICS, G20, OMC e BASIC (articulação entre Brasil, África do Sul, Índia e China na área do meio ambiente). Neste sentido, a visita de Lula permitirá que o presidente brasileiro e o presidente chinês, Xi Jinping, com quem Lula se encontra nesta terça-feira (13/5), explorem sinergias entre suas políticas de desenvolvimento e programas de investimento e estreitem a coordenação sobre tópicos regionais e multilaterais – inclusive em relação ao G20, ao BRICS e às conferências das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP), que neste ano será realizada em Belém (PA), em novembro.

12.05.2025 - Audiência concedida ao Presidente do Grupo GAC, Feng Xingya
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