Conseguir lançar-se candidato a presidente com o partido dando de ombros e com um silêncio calculado dos potenciais adversários e lideranças políticas de destaque no País – da direita, do centro e da esquerda – é comemorado como vitória por quem apoia o governador Ronaldo Caiado (União Brasil).
A torcida contra, é esta a avaliação, era esperada e não foi suficiente para impedir o evento de sexta-feira, 4, em Salvador, que chegou a ser ameaçado por boicote geral. Etapa superada, com seus prós e contras. O mais difícil vem agora. Manter de pé a pré-candidatura e, mais que isso, crescer na adversidade.
Pesquisa recente do instituto Quaest colocando em confronto Caiado X Lula, mostrava um cenário de disputa real entre os dois. O goiano chegava a animadores 30% e o petista, a 44%. Cenário hipotético de 2º turno, com o confronto direto como única opção. Neste sábado, levantamento do Datafolha, porém, foi menos animador para quem busca um grão de luz na escuridão.
Em um cenário, Caiado surge com 2%. Em outro, com 3%. Longe de Lula, com 35%, e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ou da ex-primeira-dama Michele Bolsonaro (ambos 15%, em cenários diferentes, em que um aparece e o outro, não).
O governador perde ainda para os companheiros de direita Pablo Marçal (PRTB e governadores Ratinho Júnior (PSD-PR) e Romeu Zema (Novo-MG), e empata com Eduardo Leite (PSDB-RS). Um desempenho longe de quem quer ter chance no jogo, porém natural para um nome ainda desconhecido do eleitorado brasileiro.
Uma das razões para Caiado antecipar o lançamento da pré-candidatura, vamos lembrar, é exatamente ser pouco conhecido. Ele corre contra o tempo. Em busca de cumprir essa missão não impossível, porém difícil é que ele vai a campo agora. E começará a jornada pelo Nordeste, segundo informações de sua assessoria. Região lulista por excelência.
Caiado vai insistir no posicionamento anti-petista e anti-lulista. Como fez ao escolher a capital da Bahia para se apresentar oficialmente na disputa, um estado dominado pelos apoiadores de Lula. Seu discurso deixou claro isso, com palavras de ordem contra Lula e o governo federal. Lula é seu inimigo e sua razão de discursar, hoje.
Na imprensa nacional há uma visão pessimista sobre o destino de Caiado. Natural. Jornalistas se alimentam de fontes e as fontes que movimentam os interesses partidários neste momento ou estão contra Caiado, ou não veem futuro na candidatura. Estão cuidando da própria vida política. As pesquisas Quaest e Datafolha apenas reforçam isso.
Tarcísio de Freitas, Ratinho Júnior e Romeu Zema, conversam com a imprensa política a partir de locais e palcos mais estratégicos do ponto de vista econômico e eleitoral. Sem falar em Lula, que fala direto de Brasília com holofote total, e de Bolsonaro, que é centro das atenções sempre. Qual a vantagem de Caiado sobre eles para merecer mais atenção e inspirar mais perspectiva de poder?
A longa jornada candidatura adentro do goiano começa como era esperado começar: mais contra do que a favor. E à parte estas desvantagens, há a elementar para todos os pretensos candidatos a presidente. Quanto mais visível, mais alvo se torna de escrutínio. Quer dizer: de possíveis denúncias e notícias negativas.
O dia seguinte ao lançamento oficial, os passos que serão dados a partir de agora, o desdobramento dos idos de Salvador é que definirão o futuro do governador goiano. O que ele vai fazer com o positivo e o negativo da vida política agora, em cima do palanque e atrás, nos bastidores, selará o seu destino.
Debater se foi ou não um ato grandioso o seu ponta-pé inicial na Bahia é questão menor no processo. Interessa mesmo é saber se Caiado andará a passos miúdos sobre o telhado, ou conseguirá virar o gato de botas.
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