O diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, informou nesta terça-feira (18) que o esquema de fraudes financeiras envolvendo o presidente do Banco Master, Daniel Vorcaro, e quatro diretores da instituição pode alcançar R$ 12 bilhões. Rodrigues deu a declaração durante sessão da CPI do Senado que investiga organizações criminosas e destacou que a PF atua em conjunto com o Banco Central e o Coaf no caso.
A operação mira a venda de títulos de crédito falsos. As investigações indicam a participação de dirigentes do Banco de Brasília (BRB), instituição pública do Distrito Federal. Em março, o BRB tentou comprar o Banco Master, mas o Banco Central barrou o negócio.
Segundo o Ministério Público Federal, o Banco Master emitiu R$ 50 bilhões em CDBs com juros acima das taxas de mercado e sem comprovar liquidez para honrar os pagamentos. Para reforçar a impressão de solvência, o banco aplicou parte desse montante em créditos inexistentes da empresa Tirreno. O Master não pagou pela aquisição, mas vendeu os mesmos créditos ao BRB, que desembolsou R$ 12,2 bilhões sem documentação para socorrer o caixa do Master.
Essas operações ocorreram enquanto o BRB tentava comprar o Master e buscava convencer os órgãos de fiscalização da viabilidade da transação. O MPF aponta indícios de que o BRB sustentou o Master durante uma crise de liquidez e enviou R$ 16,7 bilhões para a instituição entre 2024 e 2025, dos quais pelo menos R$ 12,2 bilhões apresentam sinais de fraude.
Rodrigues afirmou que agentes encontraram R$ 1,6 milhão em espécie na casa de um dos investigados. A PF prendeu Daniel Vorcaro na noite de segunda-feira (17), no aeroporto de Guarulhos (SP), quando ele embarcava em um jatinho rumo a Malta.
A operação, chamada Compliance Zero, cumpriu seis dos sete mandados de prisão e realizou 25 buscas no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal. Após a prisão, Vorcaro seguiu para a Superintendência da PF em São Paulo. A defesa dele e o Banco Master ainda não comentaram o caso.
A prisão ocorreu horas depois de um consórcio liderado pela Fictor Holding Financeira anunciar a compra do Banco Master, dois meses após o Banco Central vetar a aquisição pelo BRB. No entanto, o Banco Central decretou nesta terça-feira a liquidação extrajudicial do Master e determinou o encerramento das operações, o que suspende automaticamente a compra anunciada.
O Banco Master já enfrentava risco de falência devido ao alto custo de captação e aos investimentos arriscados. As operações da instituição se tornaram alvo de questionamentos, pressões políticas e falta de transparência. O inquérito apura crimes como gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa.
O presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, também deixou o cargo nesta terça-feira por ordem judicial, que determinou o afastamento por 60 dias. Ele está nos Estados Unidos, segundo o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB). O diretor-executivo de finanças e controladoria, Dario Oswaldo Garcia Junior, também deixou suas funções. Em nota, o BRB afirmou que atua com conformidade e transparência e que envia regularmente informações ao Ministério Público Federal e ao Banco Central sobre todas as operações relacionadas ao Banco Master.








