A Polícia Civil de Goiás identificou falhas na fiação elétrica que se rompeu e provocou a morte de Nathaly Rodrigues do Nascimento, de 17 anos, no Centro de Goiânia, durante um temporal. Segundo o delegado Fernando Martins, responsável pelo caso, a ausência de espaçadores na rede contribuiu para o acidente — e o equipamento só foi instalado após a tragédia, segundo ele.
Em entrevista, o delegado explicou que a perícia constatou que os fios se encostaram durante a ventania, o que gerou um curto-circuito e resultou no rompimento do cabo de média tensão.
“A perícia concluiu que, por conta da ventania, a fiação de média tensão encostou-se e houve o curto-circuito que fez o rompimento. Isso está devidamente comprovado. Após o acidente fatal, a distribuidora de energia elétrica foi lá, fez os reparos e colocou os espaçadores, separadores de fase. Isso não existia antes, então é uma falha”, afirmou o delegado.
A Equatorial Energia Goiás, responsável pelo fornecimento de energia na região, disse em nota que ainda não há laudo emitido pela Polícia Científica e que não há registro de falhas ou defeitos na rede elétrica. Segundo a empresa, “a infraestrutura do sistema encontrava-se regular”. A distribuidora informou ainda que, por causa do sigilo do processo, não daria detalhes sobre os espaçadores.
A polícia também apura por que a companhia não enviou uma equipe presencial para verificar a situação da rede antes de restabelecer a energia no local. As investigações continuam para determinar se houve negligência ou omissão por parte da concessionária.
O acidente
Nathaly morreu no dia 20 de setembro, durante uma forte chuva, quando atravessava a rua para ir embora do trabalho. Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que ela divide um guarda-chuva com um colega e é atingida pela descarga elétrica.
Segundo o Corpo de Bombeiros, a jovem estava em contato com a fiação de média tensão que havia se rompido. O Samu constatou o óbito ainda no local. A Polícia Militar e a Equatorial isolaram a área após o acidente.
Uma testemunha, a cuidadora Regiane Rosa de Oliveira, relatou que estava próxima ao local quando o fio se partiu:
“Deu um barulho aqui, e como eu tenho muito medo de eletricidade, voltei correndo. Ela foi atravessar, e como tinha muita água, quando pisou o fio já estava descendo”, contou.
Nathaly trabalhava no Centro de Goiânia e seguia diariamente para Bonfinópolis, a 37 km da capital, onde estudava e faria uma prova na noite do acidente.
Repercussão e comoção
Após a morte da adolescente, a Equatorial divulgou nota lamentando o ocorrido, afirmando que prestaria todo o suporte à família e que adotou as medidas de segurança necessárias assim que foi informada do caso.
A mãe da jovem, Dayane do Nascimento, desabafou sobre a perda da filha:
“Minha filha era uma menina sadia, estudiosa e trabalhadeira. Saía de madrugada para trabalhar e só voltava da escola depois das dez da noite. Minha menina saiu daqui perfeita para eu pegar no caixão”, disse, emocionada.
Nathaly deixa três irmãos — duas irmãs, de 31 e 19 anos, e um irmão de 7. A família cobra responsabilização e mudanças na rede elétrica para evitar novas tragédias.
“Hoje eu sou uma mãe chorando pela morte da minha filha. Não quero, daqui a alguns dias ou no ano que vem, ver outra mãe no meu lugar”, declarou Dayane.










