Empresas ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC) movimentaram mais de R$ 1 bilhão entre 2020 e 2024 em São Paulo, segundo a Receita Federal. A informação faz parte da Operação Spare, deflagrada nesta quinta-feira (25), como desdobramento da Operação Carbono Oculto, realizada em agosto.
De acordo com a investigação, a organização criminosa utilizava postos de combustíveis, motéis, empresas de fachada e franquias para lavar dinheiro e ocultar patrimônio. O esquema envolvia o uso de dinheiro em espécie e transações em maquininhas via fintechs. Os valores ilícitos eram posteriormente aplicados na compra de imóveis e bens de alto valor.
Entre os itens adquiridos estão um iate de 23 metros, dois helicópteros, um Lamborghini Urus avaliado em R$ 4 milhões e terrenos que somam mais de R$ 20 milhões. Apenas com os motéis associados ao grupo, em nome de “laranjas”, foram movimentados R$ 450 milhões, com lucro de R$ 45 milhões. Há ainda indícios de lavagem em 21 CNPJs ligados a 98 estabelecimentos de uma mesma franquia.
A Receita aponta que, apesar da movimentação bilionária, as empresas emitiram apenas R$ 550 milhões em notas fiscais no período analisado, pagando R$ 25 milhões em tributos federais — o equivalente a 2,5% da movimentação. O lucro dos criminosos teria alcançado quase R$ 90 milhões.
O esquema também incluiu a construção de 14 prédios residenciais em Santos em 2010, com movimentação de R$ 260 milhões. Além disso, membros da família do principal alvo teriam aumentado o patrimônio em cerca de R$ 120 milhões em declarações de Imposto de Renda.
A Operação Spare cumpriu 25 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Santo André, Barueri, Bertioga, Campos do Jordão e Osasco. Um dos principais investigados é apontado como responsável por uma rede de cerca de 400 postos de combustíveis, sendo 200 diretamente vinculados ao grupo.