O ativista político Charlie Kirk, fundador da organização conservadora Turning Point USA e uma das vozes mais influentes da ultradireita nos Estados Unidos, morreu nesta quarta-feira (10) aos 31 anos. Ele foi atingido por um disparo enquanto participava de uma sessão de perguntas e respostas ao ar livre na Utah Valley University, em Orem.

Segundo as autoridades locais, o tiro partiu de uma área elevada próxima ao local. O projétil atingiu a região do pescoço de Kirk, provocando uma hemorragia imediata. Apesar de ter sido socorrido por sua equipe de segurança e levado a um hospital da região, o ativista não resistiu aos ferimentos.
A polícia de Utah chegou a confirmar a detenção de um homem como “pessoa de interesse” no caso, mas a informação foi desmentida posteriormente. Até o momento, não há identificação oficial do autor do disparo, e as investigações sobre as circunstâncias do ataque continuam.
A morte de Kirk repercutiu em todo o país. Políticos democratas e republicanos condenaram o ataque, destacando o crescimento da violência política nos Estados Unidos. Aliado próximo do ativista, o ex-presidente Donald Trump lamentou a perda, afirmando que o país “perdeu uma voz forte em defesa da liberdade”. Em respeito ao fundador, a Turning Point USA anunciou a suspensão de todos os seus eventos nacionais.
Trajetória de provocação
Nascido em Arlington Heights, Illinois, Charles James Kirk (1993–2025) despontou ainda na adolescência como um organizador que transformou a provocação em uma estrutura institucional.
Em 2012, aos 18 anos, após um discurso que chamou a atenção de um mentor, ele deixou de lado a faculdade para se dedicar à criação da Turning Point USA (TPUSA), uma organização sem fins lucrativos dedicada a formar lideranças conservadoras entre estudantes e a promover ideias de livre mercado e limite à atuação estatal nas escolas e universidades, ambientes que considerava dominados pela esquerda.
A estratégia de Kirk combinava ativismo local com uma forte presença multiplataforma. O TPUSA estabeleceu capítulos estudantis, painéis e turnês, enquanto Kirk aumentava seu alcance com um podcast, programa de rádio e participações frequentes em eventos, tornando-se um formador de opinião no ecossistema conservador.
Sua influência cresceu exponencialmente ao alinhar a organização ao movimento MAGA (Make America Great Again), tornando-se um interlocutor importante do Partido Republicano na mobilização do eleitorado jovem.
Controvérsias
A ascensão de Kirk foi acompanhada por controvérsias. Conhecido pela defesa do direito às armas, por críticas a políticas de diversidade, minimização da pandemia de Covid-19 e por um discurso que o levou a ser acusado de racismo e supremacia branca, o ativista nunca aparentou evitar a polarização.
Sua organização, a TPUSA, lançou iniciativas contestadas como a “Professor Watchlist” — uma lista pública de professores considerados “ideológicos” — e enfrentou acusações de disseminar desinformação.
Jornalistas e acadêmicos também questionaram suas práticas de financiamento e táticas agressivas de recrutamento, críticas que alimentaram tanto sua popularidade entre apoiadores quanto o antagonismo de opositores.
Em um de seus posicionamentos polêmicos, Kirk afirmou meses atrás: “Infelizmente, vale a pena arcar com o custo de algumas mortes por armas de fogo todos os anos para que possamos ter a Segunda Emenda”.
Recentemente, o ativista também mirou o Brasil. No dia 27 de março, em seu podcast The Charlie Kirk Show, ele classificou a aceitação da denúncia do STF contra Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado como uma “tentativa de golpe judicial” e defendeu sanções dos Estados Unidos contra o Brasil.
Casado com Erika Frantzve, Charlie Kirk era pai de duas crianças e se identificava como cristão evangélico, um pilar central em sua retórica pública e na sua base de apoiadores.