O gabinete de crise criado pelo governo de São Paulo para enfrentar os casos de intoxicação por metanol fechou nesta quarta-feira (1º) seis estabelecimentos suspeitos de vender bebidas alcoólicas adulteradas. As ações de fiscalização ocorreram na capital e na Grande São Paulo.
Os agentes interditaram bares e distribuidoras nos bairros da Bela Vista, Itaim Bibi, Jardins e Mooca, além de São Bernardo do Campo e Barueri. Em Barueri, a polícia lacrou um lote com 128 mil garrafas de vodca, que só poderá ser liberado após apresentação de documentação à Secretaria da Fazenda.
A força-tarefa reúne as secretarias estaduais da Saúde, Segurança Pública, Fazenda e Justiça. Segundo o governo, as medidas são cautelares e investigam o envolvimento dos estabelecimentos com as intoxicações. Uma distribuidora perdeu a inscrição estadual de forma preventiva, três estão sob análise e um bar dos Jardins teve a inscrição suspensa após a interdição.
As equipes recolheram 802 garrafas nesta semana: 660 em distribuidoras e 142 em bares da capital. Em Mogi das Cruzes, fiscais apreenderam 80 garrafas adulteradas em uma adega. Em Americana, a polícia prendeu duas pessoas e confiscou mais de 17,7 mil bebidas.
A Vigilância em Saúde fechou cautelarmente dois endereços da mesma distribuidora na Bela Vista: o BBR Supermercado e o BB Belbilar Bbidas, ambos na Rua Conselheiro Ramalho. A Polícia Civil já havia recolhido garrafas destiladas no local, algumas abertas. Outro ponto interditado fica na Vila Plana, na Zona Sul.
Em Barueri, os alvos foram dois galpões: um da GRF Distribuidora, na Avenida Prefeito João Vilallobo Quero, e outro da Brasil Excellance Comercial e Exportadora de Bebidas, na Avenida Dr. Humberto Gianella. A polícia não encontrou o lote específico na GRF e recolheu amostras para perícia. A Vigilância Sanitária interditou cautelarmente os produtos. No endereço da Brasil Excellance, os fiscais não acharam nenhuma atividade; a empresa deixou o local há cerca de seis meses.
Na terça (30), a polícia havia fechado o bar Ministrão, nos Jardins, onde uma mulher de 43 anos perdeu a visão após consumir vodca com suspeita de metanol. O local, ponto de encontro de “happy hour”, recebeu interdição por risco iminente à saúde pública.
O Torres Bar, na Mooca, e outro estabelecimento em São Bernardo do Campo também foram interditados. Em nota, o Torres informou que colabora integralmente com a fiscalização e que adquire produtos de distribuidores oficiais. O Ministrão declarou que compra bebidas de fornecedores com nota fiscal e procedência garantida.
O governador Tarcísio de Freitas confirmou cinco mortes por intoxicação por metanol em São Paulo: uma já comprovada por bebida adulterada e quatro em apuração. Segundo ele, todos os locais associados a casos suspeitos serão interditados de forma cautelar. A Secretaria da Saúde contabiliza 22 ocorrências: 10 confirmadas e 12 em investigação.
Entre as vítimas está o advogado Marcelo Lombardi, de 45 anos, morador de São Bernardo. Ele morreu após parada cardiorrespiratória e falência de múltiplos órgãos. O atestado de óbito apontou intoxicação por metanol.
O Ministério da Saúde disse que não identificou novos casos até agora. A Polícia Federal informou que não encontrou relação com marcas ou importações específicas.