O Instituto de Criminalística da Polícia Científica de São Paulo informou que a perícia em dois grupos de garrafas de bebidas alcoólicas destiladas apreendidas em fiscalizações na capital apontou que as concentrações de metanol encontradas indicam adição da substância, e não resultado de destilação natural.
O órgão não divulgou a quantidade de garrafas analisadas nem os tipos de bebidas. Também não informou os locais onde ocorreram as apreensões.
“Até o momento, dois grupos de produtos periciados apresentaram resultado positivo para metanol, em volume acima do permitido pela legislação. Os laudos foram encaminhados à Polícia Civil para subsidiar as investigações e o esclarecimento dos fatos”, informou o instituto em nota divulgada nesta terça-feira (7).
O órgão acrescentou que trabalha ininterruptamente nas análises:
“O Instituto de Criminalística da Polícia Científica de São Paulo trabalha 24h nas perícias de constatação e concentração das amostras apresentadas pela Polícia Civil, assim como na análise documentoscópica de rótulos e lacres dos recipientes. Pode-se afirmar, até o momento, e de acordo com as concentrações encontradas, que o metanol foi adicionado, não sendo, portanto, produto de destilação natural.”
Na última sexta-feira (3), o Instituto de Criminalística criou uma força-tarefa para analisar as garrafas apreendidas durante fiscalizações que apuram adulteração e contaminação por metanol. Segundo boletim do governo paulista, 16 mil garrafas foram apreendidas desde o dia 29 de setembro.
O processo de análise inclui a checagem das embalagens para identificar rompimentos ou indícios de reaproveitamento. Depois, o material é processado em equipamentos que separam os componentes da bebida. Somente o laudo final confirma a presença e a quantidade de metanol.
O metanol é um álcool de uso industrial, altamente tóxico se ingerido. Afeta o fígado, que o transforma em substâncias que comprometem medula, cérebro e nervo óptico, podendo causar cegueira, coma ou morte. Também pode provocar insuficiência pulmonar e renal.
A Polícia Civil de São Paulo trabalha com duas hipóteses: a primeira é o uso de metanol para higienização de garrafas reaproveitadas; a segunda, a utilização da substância para aumentar o volume de bebidas falsificadas. Há ainda a possibilidade de que falsificadores tenham usado etanol contaminado com metanol.
A Polícia Federal também investiga se os casos têm relação com a megaoperação contra o crime organizado no setor de combustíveis, deflagrada no fim de agosto.
“Se esse metanol tiver origem em combustíveis fósseis, é outra hipótese de investigação. Muitos tanques foram abandonados após essa operação”, afirmou o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que anunciou a criação de um comitê informal de enfrentamento da crise.