Um projeto de lei apresentado na Câmara Municipal de Goiânia nesta terça-feira (20) busca a proibição do uso de qualquer estrutura pública municipal para atividades envolvendo bonecos como os chamados “bebês reborn” — as réplicas hiper-realistas de recém-nascidos, populares entre colecionadores e pessoas que os tratam como filhos, que vem sendo uma febre nos últimos meses.
A proposta é do vereador Coronel Urzêda (PL) e veta expressamente o uso de filas preferenciais, vagas de estacionamento, unidades de saúde, creches, escolas e até o transporte coletivo por pessoas que estejam simulando cuidados com esses bonecos. Durante a apresentação do texto, o parlamentar sugeriu atendimento psicológico e psiquiátrico para quem utiliza serviços públicos nesse contexto.
“Essas pessoas, proprietárias desses bebês — não vou nem falar pais — têm que ter sim prioridade em atendimento psiquiátrico. Isso é um absurdo. Pessoas utilizarem do nosso serviço, que já é caótico, enquanto outras realmente precisam”, disse Urzêda no plenário.
Outro projeto em Goiás
Em Aparecida de Goiânia, o vereador Dieyme Vasconcelos (PL) protocolou um projeto semelhante dias antes. Tanto o texto de Urzêda quanto o de Dieyme argumentam que o uso de recursos públicos deve ser reservado a cidadãos reais, especialmente os mais vulneráveis.
Luta antimanicomial como fica?
Num gesto irônico, o vice-presidente da Câmara de Goiânia, vereador Anselmo Pereira (MDB), apoiou a proposta e fez referência ao antigo hospital psiquiátrico Adauto Botelho, desativado em 1997. Ele sugeriu o retorno da unidade para internação de pessoas que cuidam desses bonecos.
A proposta ainda precisa ser analisada pelas comissões da Câmara antes de ir à votação.