Na manhã do dia 30 de agosto de 2002, um Fokker 100, matrícula PT-MQH, operando o voo TAM 3804 partiu de São Paulo, aeroporto Governador André Franco Montoro (Guarulhos). A aeronave transportava 29 pessoas (24 passageiros e 5 tripulantes) e ia em direção ao aeroporto de Campo Grande, Mato Grosso do Sul.
O voo seguia nos conformes, até que – em altitude de cruzeiro, FL350 (35 mil pés) – a tripulação identificou problemas sérios no sistema de combustível do motor direito: “filtro de combustível” e “baixa pressão” foram os alertas que acenderam no painel.
Ações
Seguindo as instruções do manual da aeronave, os pilotos executaram procedimentos para mitigar a falha, mas o desequilíbrio de combustível acabou evoluindo num ritmo bastante rápido.
O Fokker 100 perdeu uma quantidade crítica de combustível, e, nesse meio tempo, os pilotos decidiram desviar para o aeroporto de Araçatuba. Contudo, o que ninguém queria aconteceu: ambos os motores pararam por falta de combustível ainda a 16 milhas náuticas da pista, cerca de 28,08 km.
Sem os motores para “empurrar” o avião para frente, os pilotos optaram então por um pouso forçado em área rural no município de Birigui em São Paulo. O trem de pouso baixou e tudo correu bem, menos para uma vaquinha que estava no pasto no momento e não teve tanta sorte.
Mesmo com danos no trem de pouso (que foi arrancado devido aos impactos com solo irregular da fazenda) e outros bem significativos na fuselagem, a manobra salvou todas as vidas a bordo e tudo não passou de um susto. Apenas quatro ocupantes sofreram apenas ferimentos leves. A aeronave, porém, deu “perda total”
Confira como ficou
A investigação
Por ser um acidente que aconteceu em 2002, é preciso lembrar que a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) ainda não existia. Logo, quem conduziu a investigação foi o antigo DAC, Departamento de Aviação Civil, por meio do CENIPA – Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos.
O órgão apontou uma falha de projeto em um dos tubos de alimentação de combustível. O contato contínuo entre o tubo de aço e uma placa de retenção de alumínio provocou um desgaste por atrito (abrasão), que levou à ruptura da peça e ao consequente vazamento.
Segundo o relatório oficial, a falha não decorreu de erro humano na manutenção. A TAM também confirmou que o abastecimento havia sido feito corretamente.
O acidente reforçou a importância do projeto técnico dos componentes e influenciou melhorias nos protocolos de engenharia e segurança operacional na aviação civil brasileira.
A ação corretiva mais imediata partiu da própria TAM, que emitiu uma Ordem de Engenharia dias após o ocorrido para inspecionar toda a sua frota. Posteriormente, a Rolls-Royce, fabricante do motor, emitiu boletins de serviço mandatórios para que todos os operadores do motor no mundo fizessem a inspeção e a substituição da peça defeituosa, corrigindo a falha de projeto.