“A morte não é um castigo. A morte é voltar para casa. Onde ‘cê’ tava antes de nascer?” É com essas afirmações e esse questionamento que começa Rita Lee: Mania de Você, que está disponível na Max. O documentário começou a ser gravado poucas semanas antes de a cantora falecer e não traz imagens, apenas a voz desse ícone do rock brasileiro.
A ausência da presença visual da artista pode causar estranhamento, mas a escolha parece intencional: reforça o tom confessional do material e permite que a voz de Rita, sem filtros, se torne um dos fios que conduzem a experiência, junto com outros elementos, como depoimentos dos familiares e amigos (como Ney Matogrosso e Gilberto Gil).
Quem espera um documentário parado vai acabar se decepcionando; afinal, o ritmo faz jus a Rita, que era enérgica. Dá para notar, no entanto, que o ritmo vai diminuindo ao chegar ao final — ainda que feito de maneira tão sutil, combina com a ideia de envelhecimento.
O problema maior do documentário está justamente no fato de que Rita consegue ser mais complexa do que a duração do documentário permite. Ele traz cenas inéditas, mas peca por apresentar como se Rita começasse sua carreira na música com a banda Tutti Frutti, sem abordar sua estreia com Os Mutantes — mesmo que os direitos de imagem não tenham sido cedidos, devido às solicitações terem sido ignoradas.
Apesar das lacunas, Mania de Você emociona, especialmente pela forma como os familiares que ficam têm de lidar com a partida de uma pessoa como Rita, e como ela mesma lida com temas como envelhecimento, espiritualidade e finitude. E mesmo quem não é fã deve se sentir tocado pelo legado de uma mulher que se impôs, fazendo e pensando música do seu jeito no Brasil.
Sinopse: Através de depoimentos exclusivos e arquivos inéditos, este documentário revisita a vida e a carreira de Rita Lee, revelando suas quedas, genialidade e excessos como “a Rainha do Rock Brasileiro”.