Nos tempos atuais, é quase impossível encontrar alguém que não use celular ou computador e, consequentemente, que nunca tenha interagido com o teclado desses dispositivos.
Nisso, já parou para pensar por que as letras dos teclados não seguem uma ordem alfabética? Em um mundo onde a lógica, muitas vezes, dita o design, o layout QWERTY parece algo sem sentido.
Mas por trás da aparente desordem, há uma história de engenharia e limitações mecânicas que moldou a forma como se digita até hoje.
Origem datilográfica
A história tem origem em meados do século XIX, com a chegada das primeiras máquinas de escrever comerciais.
Antes do QWERTY, protótipos e máquinas iniciais frequentemente utilizavam layouts alfabéticos. A ideia, claro, era intuitiva: facilitar a localização das letras.
No entanto, esses designs rapidamente esbarraram em um problema mecânico enorme.
Christopher Latham Sholes, o inventor do primeiro teclado QWERTY, percebeu que quando as teclas mais usadas eram posicionadas muito próximas umas das outras, os braços mecânicos da máquina se chocavam e esse conflito travava o teclado. Isso diminuía muito a velocidade de digitação e frustrava todo mundo.
Solução ilógica
A grande sacada de Sholes foi justamente “desorganizar” o teclado. O objetivo do QWERTY não era exatamente desacelerar a digitação, mas distribuir as letras de modo a minimizar o choque entre hastes mecânicas das máquinas.
A desaceleração, indiretamente, impedia travamentos — mas o layout não tinha a intenção explícita de tornar a digitação mais lenta.
Ao separar as combinações de letras mais comuns (como “TH”, “ER”, “AN”), ele conseguiu otimizar o fluxo de digitação.
Outro fator importante foi a distribuição das letras entre as duas mãos e o posicionamento das vogais e consoantes mais frequentes em áreas de fácil acesso, embora não de forma puramente alfabética.
A ideia era criar um equilíbrio que permitisse uma digitação sem a necessidade de parar, mesmo que a memorização inicial levasse um tempo.
Padronização
A máquina de escrever de Sholes, com seu layout QWERTY, foi vendida para a E. Remington and Sons em 1873. A Remington, uma empresa com maior capacidade de produção e distribuição, popularizou o teclado QWERTY em larga escala.
Com o tempo, datilógrafos e empresas investiram no treinamento para este layout, o que gerou um efeito dominó: quanto mais pessoas usavam o QWERTY, mais difícil se tornava introduzir layouts alternativos.
Legado
Apesar de existirem layouts mais “lógicos” ou ergonomicamente otimizados, como o DVORAK, o QWERTY permanecece dominante. Por quê?

A resposta está no custo de retreinar milhões de pessoas e reestruturar toda uma indústria de fabricação de teclados, algo muito proibitivo. Além disso, a familiaridade com o QWERTY é tão enraizada que ele se tornou um padrão global, presente em computadores, celulares e outros dispositivos.
Resumindo, a razão pela qual o seu teclado não é alfabético se deve à evolução da tecnologia e da persistência de padrões estabelecidos.
O QWERTY não é uma obra-prima de design intuitivo, mas sim uma solução para um problema de engenharia do século XIX que, por uma combinação de fatores, se tornou onipresente. É a prova de que, às vezes, até a “imperfeição” pode ser prática.