A Polícia Federal (PF) concluiu que a organização criminosa responsável por ações de espionagem clandestina de opositores dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) tinha o ex-presidente Jair Bolsonaro e por seu filho, Carlos Bolsonaro como lideres.
De acordo com o relatório final das investigações do caso conhecido como “Abin Paralela“, concluído ontem, a organização contava com cerca de 30 integrantes. Parte do grupo foi indiciada pela PF, incluindo Carlos Bolsonaro. Como Jair já responde por acusações relacionadas ao uso ilegal da Abin na ação penal sobre a trama golpista, no Supremo Tribunal Federal (STF), não foi indiciado. As informações constam no documento da investigação, que teve o sigilo derrubado ontem pelo relator do caso, ministro Alexandre de Moraes.
O relatório aponta que, entre 2019 e 2021, o grupo utilizou o sistema “First Mile“. O sistema, adquirido por dispensa de licitação ao custo de R$ 5,7 milhões, sem nenhuma autorização judicial. Segundo os investigadores, ficou comprovado o uso ilegal da Abin contra pessoas que se opunham ao chamado núcleo político, liderado por Jair e Carlos Bolsonaro.
O sistema, operado de forma clandestina rastreava em tempo real a localização de aparelhos celulares. As operações aconteceram contra figuras públicas como o próprio Alexandre de Moraes, o ministro Gilmar Mendes, o ex-deputado Jean Wyllys e o jornalista Leandro Demori.
Em uma das revelações do documento, funcionários da agência chegaram a monitorar outro cidadão chamado Alexandre de Moraes, acreditando tratar-se do ministro do STF.
Ainda segundo o relatório, a estrutura da Abin Paralela foi construída para atender a interesses pessoais, políticos e eleitorais do grupo mais próximo de Jair Bolsonaro. As ações eram voltadas para a vigilância de opositores e à obtenção de informações sigilosas sobre investigações em andamento na época.