Antes de começar, peço desculpas à editora por fugir da pauta inicial desta coluna, que deveria abordar os sucessos esportivos do mês passado, com um olhar além do futebol masculino.
No entanto, após nossa reunião editorial, a revelação do contrato de Neymar Jr. pelo UOL se mostrou um tema urgente e inescapável, o portal revelou detalhes do contrato de Neymar com o Santos que se encerra em junho. Segundo a reportagem, o salário do camisa 10 do Santos gira em torno de R$ 4,14 milhões, o mais alto futebol brasileiro.
O detalhe realmente chocante do contrato são as clausulas adicionais. 75% do valor de todos os novos patrocínios da camisa do peixe assinados após a chegada do Neymar, é dele e de seu pai, e, caso algum patrocinador que já tinha espaço na camisa do clube queira reajustar o valor enquanto o jogador estiver no clube da Vila Belmiro, 75% do valor do aumento é da família de Neymar.
Caso os valores dos ganhos de Neymar com patrocínios fique abaixo dos 15 milhões de dólares, ou R$ 85 Milhões, o Santos terá que pagar a diferença com suas próprias receitas. Com isso, Neymar ganhará no mínimo R$ 105 Milhões no contrato que tem duração prevista de 5 meses.
A dívida do Santos é, segundo o portal Globo Esporte levantou no mês passado, de pouco mais de 977 milhões de reais. Mas essa dívida ainda não leva em conta a operação desdobrada pelo alvinegro, afinal essa divida é referente ao ano fiscal de 2024. O valor que será pago a Neymar é aproximadamente 25% de todo o orçamento planejado pelo Santos para 2025.
Até o momento em que esta crônica é escrita, Neymar disputou 9 jogos pelo santos com 3 gols e três assistências no período, é como se até o momento Neymar tivesse recebido aproximadamente pouco mais de R$ 10 milhões cada vez que veste a camisa do Santos e entra em campo. A última vez que jogou foi no dia 16 de abril na vitória 2 x 0 sobre o Atlético Mineiro. Com estes dados fica evidente que hoje, o Neymar é um ativo que não se sustenta.
No Campeonato Brasileiro, a situação é desesperadora: o Santos é o 19º colocado, com apenas cinco pontos, quatro a menos que o primeiro time fora do Z4. Dentro de campo, o time é apático – não constrói jogadas com consistência, não defende bem e parece piorar a cada partida.
A solução, para quem observa de fora, não está em reviver o passado, mas em olhar para o futuro. O Santos precisa resgatar sua essência: revelar talentos, dar chances aos “meninos da Vila” e parar de gastar fortunas com nomes que, por mais icônicos que sejam, não justificam o investimento em um momento de crise financeira e esportiva.
É importante deixar claro: a crítica aqui não é a Neymar ou a seu pai. Eles negociaram dentro das regras do mercado e obtiveram o que lhes foi oferecido. O problema é o Santos ter aceitado condições tão desbalanceadas.
O clube que já teve Pelé, formou alguns dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro e conquistou dois Mundiais, três Libertadores e oito títulos nacionais parece ter perdido sua identidade. Nenhum jogador – por maior que seja – deveria ser maior que o clube. E, infelizmente, o Santos está pagando caro por esquecer essa lição.
Enquanto isso, resta torcer para que a diretoria (e parte da torcida) acorde, repense sua estratégia e volte a investir no que sempre deu certo: a base. Porque, no fim das contas, o futuro do clube não depende de um astro do passado, mas da próxima geração de talentos que ainda está por vir.
(P.S.: Na próxima coluna, voltarei ao tema original, com destaque para os destaques esportivos além do futebol masculino. Prometo!)