A Comissão Especial de Inquérito (CEI) que investiga possíveis irregularidades na terceirização da limpeza urbana de Goiânia ouviu, na terça-feira (14), dois fiscais ligados ao contrato entre a Prefeitura e o Consórcio Limpa Gyn. Os depoimentos apontaram falhas na medição do lixo recolhido e fragilidades na fiscalização do serviço, o que, segundo vereadores, pode resultar em prejuízo aos cofres públicos.
O ex-servidor Paulo Henrique Francisco Vargas, engenheiro sanitarista e ambiental, afirmou que a medição do material reciclável era feita por “cubicagem” — cálculo em metros cúbicos —, e não por toneladas, como determina o contrato. O método teria sido adotado a pedido do consórcio, por falta de balanças nas cooperativas de reciclagem. Ele explicou que o controle era realizado por meio de fotos, relatórios e acompanhamento via GPS, mas reconheceu que a precisão do sistema era limitada.
A vereadora Aava Santiago (PSDB), vice-presidente da CEI, destacou que a mudança na metodologia não teve qualquer formalização oficial, o que, segundo ela, representa “falha sensível” em um contrato de R$ 500 milhões. “Há indício claro de má gestão. É dever da Prefeitura garantir aferição correta e pagamento justo”, declarou.
O atual fiscal do contrato, Liszt Mendes Cardoso, confirmou as informações e acrescentou que o acompanhamento do serviço é feito por amostragem, com apenas três fiscais e dois veículos. “Não conseguimos monitorar todas as entregas às cooperativas”, disse.
Após as oitivas, o presidente da CEI, Welton Lemos (Solidariedade), anunciou que o colegiado solicitará com urgência a instalação de balanças nas cooperativas e presença permanente de fiscais. O objetivo é evitar novas perdas de recursos públicos. Uma reunião extraordinária foi marcada para sexta-feira (17), quando o presidente da Comissão de Licitação será ouvido.
*Com informações da Agência Câmara Goiânia