No Dia Nacional do Professor, comemorado nesta quarta-feira (15), o ministro da Educação, Camilo Santana, defendeu a valorização dos docentes e afirmou que o país precisa garantir remuneração justa à categoria. “Professor tem que ser bem remunerado. No nosso país, o professor tem que ser valorizado”, disse durante cerimônia no Parque Olímpico, no Rio de Janeiro.
O evento contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de ministros, parlamentares e representantes do governo federal e municipal. Camilo Santana destacou as ações da atual gestão voltadas à educação, como o programa Pé de Meia, que estimula a permanência de jovens na escola, e o lançamento da Carteira Nacional Docente do Brasil, que oferece benefícios a professores da rede pública e privada.
“O Brasil é um país muito desigual e só a educação possibilita transformar a vida das pessoas”, declarou o ministro.
Remuneração digna
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, também defendeu uma remuneração justa aos docentes. Professora de formação, ela lembrou que começou a dar aulas aos 17 anos e ressaltou a importância de reconhecer o esforço da categoria.
“Qualquer 10 minutos a mais na nossa carga horária conta. Qualquer 10 minutos a mais também tem que ser remunerado. É isso que os professores merecem”, afirmou.
Anielle destacou ainda o papel das cotas universitárias, que permitiram sua formação na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O tema salarial também dominou o discurso do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que foi vaiado pelos professores no início da fala, mas reverteu o cenário ao anunciar um novo reajuste salarial para os docentes da rede municipal.
“Quero garantir aos professores do município que mais uma vez vão ter reajuste”, declarou, sendo aplaudido em seguida.
Segundo o Sindicato dos Profissionais da Educação do Estado do Rio de Janeiro (Sepe-RJ), os educadores da rede municipal estão há 18 meses sem reajuste — situação que, segundo a entidade, se repete em outras cidades do estado.
“Os profissionais da educação não aceitam essa situação e vêm lutando contra esses ataques aos servidores”, afirmou o sindicato em publicação nas redes sociais, acrescentando que a categoria “não tem o que comemorar” nesta data.
Cenário desafiador
Dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostram a dimensão do desafio. Segundo o relatório Education at a Glance, divulgado no ano passado, os professores brasileiros ganham menos e trabalham mais que a média dos países da entidade.
Em 2023, os docentes dos anos finais do ensino fundamental receberam, em média, R$ 128 mil anuais — valor 47% inferior à média da OCDE. Além disso, lecionaram 800 horas por ano, número acima da média internacional, de 706 horas anuais.
Novo Plano Nacional de Educação
O governo também discute o novo Plano Nacional de Educação (PNE) 2025–2035, que definirá as metas do setor para a próxima década. Segundo o relatório apresentado nesta terça-feira (14) à Comissão Especial da Câmara dos Deputados, o Brasil precisará investir 7,5% do PIB para garantir uma educação de qualidade, zerar deficiências estruturais e valorizar os profissionais.
O texto será debatido em cinco sessões antes de ser votado no colegiado.
Carteira Nacional Docente
A cerimônia marcou ainda o início da emissão da Carteira Nacional Docente do Brasil. Cerca de 1,5 mil professores receberam o documento durante o evento. A nova identidade funcional, emitida pelo Ministério da Educação (MEC), garante descontos em eventos culturais, como cinema, teatro e shows, além de vantagens em empresas parceiras, como iFood e Decolar.