A primeira semana da COP30, realizada em Belém, termina neste sábado (15) com avanço limitado nas negociações e expectativas elevadas para as decisões que serão levadas aos ministros na próxima etapa da conferência. Representantes de 194 países seguem buscando consenso em temas centrais para o enfrentamento da crise climática, como financiamento climático, atualização das metas de corte de emissões e definição de parâmetros globais de adaptação.
Entre os pontos sensíveis está o artigo 9.1 do Acordo de Paris, que estabelece a obrigação de países desenvolvidos financiarem nações em desenvolvimento. Embora a COP29 tenha fixado o valor mínimo anual em US$ 300 bilhões, cientistas e entidades consideram esse montante insuficiente. Uma proposta conjunta das presidências da COP29 e COP30 sugere ampliar a mobilização para até US$ 1,3 trilhão ao ano, mas não há garantia de avanço neste encontro.
As metas de redução de emissões também seguem no centro do impasse. Segundo o relatório síntese das NDCs, o esforço global ainda é tímido. O cientista Johan Rockström alerta que, para manter o aquecimento abaixo de 1,5°C, as emissões precisam cair 5% ao ano — um contraste com a projeção atual que aponta aumento de 1% em 2025. O descompasso coloca o planeta em trajetória superior a 2°C, cenário considerado crítico por pesquisadores.
O ritmo das negociações sobre a transição energética, no entanto, tem gerado algum otimismo. Ao menos 23 países já aderiram ao compromisso de abandonar gradualmente os combustíveis fósseis. Organizações da sociedade civil veem uma coalizão inédita ganhar força em torno de um caminho mais claro para essa transição.
Já a Meta Global de Adaptação (GGA) permanece indefinida. O Grupo Africano propôs estender por dois anos o processo técnico antes de validar 100 indicadores globais de adaptação, o que preocupa países vulneráveis. Especialistas alertam que um adiamento pode atrasar investimentos essenciais em resiliência — especialmente em regiões que já convivem com eventos extremos recorrentes.










