Conforme informações de André Richter, repórter da Agência Brasil, a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro protocolou nesta segunda-feira (16) um pedido ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), solicitando a anulação do acordo de delação premiada firmado pelo tenente-coronel Mauro Cid com a Polícia Federal. Cid é apontado como peça-chave nas investigações que apuram a tentativa de golpe de Estado e a articulação de um suposto núcleo militar e político em torno do ex-presidente.
O pedido ocorre após reportagem da revista Veja apontar que Mauro Cid teria mentido durante interrogatório realizado na semana passada e violado cláusulas de sigilo previstas no acordo firmado com a PF. Segundo os advogados de Bolsonaro, o ex-ajudante de ordens teria omitido informações e usado um perfil do Instagram possivelmente vinculado a sua esposa, Gabriela Cid, para divulgar trechos sigilosos dos depoimentos.
Durante a audiência, a defesa de Bolsonaro questionou Cid sobre os perfis @gabrielar702 e Gabriela R, que contêm o nome da esposa do militar. Cid respondeu que desconhecia os perfis e afirmou que não utilizava redes sociais para manter contato com outros investigados. A defesa do ex-presidente, no entanto, contestou a resposta, levantando a hipótese de que Cid teria utilizado esses canais para vazar trechos do conteúdo sigiloso de sua delação.
Os termos do acordo de colaboração firmado com a Polícia Federal estabelecem confidencialidade, e qualquer descumprimento pode levar à anulação dos benefícios concedidos ao delator, como o direito de responder em liberdade.
Em nota, os advogados de Mauro Cid classificaram como “mentirosa” a reportagem publicada pela Veja e negaram qualquer relação com os perfis mencionados. A defesa também solicitou que a titularidade das contas seja investigada, reforçando que Cid não utiliza tais redes sociais, ainda que os nomes sejam coincidentes com o de sua esposa.
O pedido agora está sob análise do ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos relacionados aos atos golpistas de 8 de janeiro e outras frentes que envolvem aliados do ex-presidente Bolsonaro. Ainda não há prazo definido para uma decisão.