Oito em cada dez professores de escolas públicas afirmaram ter presenciado casos de bullying em sala de aula no ano de 2023. O dado faz parte de um levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC), com mais de 395 mil docentes em mais de 70 mil escolas do país.
Segundo o estudo, a prática do bullying continua sendo um desafio persistente no ambiente escolar, afetando o clima pedagógico e a saúde emocional dos estudantes. A pesquisa indica que 59% dos professores observam situações de bullying com pouca frequência, 16% dizem que é algo recorrente, enquanto 2% relatam casos constantes. Apenas 23% afirmaram não ter testemunhado esse tipo de violência.
Além disso, 50% dos educadores também relataram episódios de discriminação. Essa forma de violência, segundo especialistas, pode estar relacionada a questões de raça, gênero, classe social, orientação sexual ou aparência física, e muitas vezes não é percebida de imediato pela gestão escolar.
O estudo apontou ainda que o bullying foi mais comum no segundo ciclo do ensino fundamental, com maior incidência no Distrito Federal. A discriminação, por sua vez, foi mencionada como algo que ocorre “poucas vezes” por 44% dos docentes, “frequentemente” por 7% e “sempre” por 1%.
Pandemia agravou quadro emocional nas escolas
O ano de 2023 marcou o retorno completo das aulas presenciais após a pandemia de Covid-19, contexto que pode ter contribuído para o aumento da tensão nas escolas. Além de episódios de violência física e simbólica, houve crescimento expressivo nos casos de ansiedade entre crianças e adolescentes — superando, inclusive, os índices registrados entre adultos.