O número de casos suspeitos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas em Goiás chegou a quatro, segundo informou o secretário estadual de Saúde, Rasível Santos, nesta terça-feira (7). A nova suspeita é de uma jovem de 18 anos, moradora de Senador Canedo, na Região Metropolitana de Goiânia. O quadro de saúde dela é considerado estável, mas os médicos mantêm vigilância constante no Hospital Estadual de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (Hugo).
Durante coletiva de imprensa, Rasível explicou que a paciente apresenta sintomas compatíveis com intoxicação e recebe hidratação enquanto o hospital realiza exames para confirmar o diagnóstico.
“Ela está em observação e, se houver agravamento, vamos iniciar o uso do antídoto. O estado dela, por enquanto, não é grave”, afirmou.
As autoridades não informaram em quais circunstâncias a jovem consumiu a bebida suspeita.
A primeira paciente identificada com sinais de intoxicação foi uma mulher de 25 anos, de Itapaci, no norte do estado, que recebeu o antídoto específico. A jovem, permanece internada na UTI do Hospital Centro-Norte Goiano, sua situação, inspira cuidados. Segundo a mãe, a filha sentiu fortes dores abdominais, no peito e nas costas antes de desmaiar. A Secretaria de Saúde afirmou que ela reage bem ao tratamento.
Outro paciente, também de 25 anos, foi internado em Formosa após ingerir vodka e apresentar visão turva, náuseas e vômitos. Ele recebeu alta no sábado (4), após melhora significativa. Já o caso de um homem da cidade de Bom Jesus de Goiás foi descartado, pois o CIATox apontou que a intoxicação teve origem diferente, ainda em investigação.
Um dos casos mais graves é o de um homem de 47 anos, morador de Padre Bernardo, que está internado no Hospital de Base de Brasília (DF). Obeso e hipertenso, o paciente entrou em protocolo de morte encefálica, conforme informou a Secretaria de Estado da Saúde. O procedimento segue as diretrizes do Conselho Federal de Medicina (CFM), que exige a comprovação de lesão cerebral irreversível, exames clínicos e complementares, teste de apneia e observação mínima antes da confirmação da morte.
O governo mantém 12 ampolas disponíveis e solicitou outras 50 ao Hospital das Clínicas, em Goiânia. Rasível explicou que a medicação pode ser aplicada com base apenas na gravidade e na suspeita clínica, sem necessidade de confirmação laboratorial. “Também notificamos o Ministério da Saúde sobre todos os casos”, acrescentou.
As investigações envolvem uma força-tarefa com órgãos de segurança, vigilância sanitária e defesa do consumidor. O subsecretário de Segurança Pública, Gustavo Ferreira, informou que as equipes apreenderam mais de mil garrafas de bebidas com indícios de falsificação e enviaram 82 amostras para a Polícia Técnico-Científica, que analisará a presença de metanol.
“Visitamos dezenas de bares, distribuidoras e pontos de revenda nas cidades de Goiânia, Aparecida de Goiânia, Trindade e Senador Canedo”, disse.
Segundo o superintendente do Procon Goiás, Márcio Palmerston, 43% dos estabelecimentos fiscalizados apresentaram irregularidades.
“Cinco pessoas já prestaram depoimento, e os locais autuados poderão sofrer multas, fechamento e até cassação dos alvarás”, afirmou.
O secretário de Segurança Pública, coronel Renato Brum, destacou que a operação seguirá de forma contínua. A segunda fase da fiscalização começa nesta quarta-feira (8) e deve alcançar municípios do interior.
“Vamos manter o trabalho permanente em todo o estado”, garantiu.