Uma investigação da Polícia Federal desmantelou um esquema milionário de fraudes em concursos públicos no Brasil, incluindo o Concurso Nacional Unificado (CNU), a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil, universidades e polícias civis estaduais. A operação, batizada de Última Fase, prendeu três suspeitos apontados como líderes da organização: Wanderlan de Sousa, Thyago de Andrade e Laís Araújo.
Segundo a PF, os candidatos que buscavam aprovação em cargos públicos chegaram a pagar entre R$ 300 mil e R$ 500 mil para obter o gabarito das provas. Em um dos casos, um concorrente a auditor fiscal do trabalho teria desembolsado meio milhão de reais para garantir a vaga, cujo salário é estimado em R$ 23 mil mensais.
As investigações revelaram diferentes formas de burlar os exames. Em alguns casos, pontos eletrônicos eram instalados com o auxílio de profissionais da área médica, permitindo o envio das respostas em tempo real. Em outros, candidatos eram substituídos por terceiros com documentos falsificados. Cada membro do grupo tinha funções específicas, desde a confecção dos equipamentos até a logística de aplicação.
A Justiça Federal destacou que o esquema compromete a credibilidade dos concursos públicos no país e determinou a prisão preventiva dos suspeitos. A PF também busca identificar outros envolvidos e anular aprovações obtidas de forma irregular.
Aprovada em 2º lugar, mas não sabia do curso de formação
Uma das beneficiadas pelo esquema deixou escapar um detalhe que acabou contribuindo para a suspeita. Nas mensagens, obtidas pela PF, fica evidente que ela não leu o edital, pois não tinha ciência de que para obter o cargo de auditor fiscal do trabalho era necessário ir além da prova objetiva.

As mensagens revelaram que a quadrilha enviou uma apostila para a candidata estudar para a próxima fase, na qual ela atingiu 12 de 20 pontos. Algo que contribuiu significativamente para expor o esquema foi o fato de os quatro membros da mesma família que prestaram o concurso terem cometido o mesmíssimo erro.
