O 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública já está disponível. No que diz respeito a Goiás, o estado apresentou uma significativa redução de 16,6% no número de Mortes Violentas Intencionais (MVI) em 2024, com o total de vítimas caindo de 1.636 para 1.379 em um ano.
A taxa por 100 mil habitantes recuou de 22,5 para 18,8, uma queda de 16,4%, que posicionou o estado abaixo da média nacional de 20,8.

Os dados revelam, no entanto, um cenário complexo. A melhora no indicador geral de violência letal foi majoritariamente impulsionada por uma queda bastante considerável nas mortes decorrentes de intervenção policial.
Crimes contra o patrimônio
Os roubos de veículos caíram de 1.031 em 2023 para 756 em 2024, o que equivale a uma redução de 29,6%.
Os crimes envolvendo celulares também diminuíram, com os roubos caindo 31% — de 7.999 em 2023 para 5.574 em 2024.
Já os furtos desses aparelhos recuaram 24,5% — de 17.028 em 2023 para 12.982 em 2024.
Cenário
A queda das MVI só foi possível devido à redução nas Mortes Decorrentes de Intervenção Policial (MDIP). O número absoluto de mortes causadas por policiais em Goiás caiu aproximadamente 28%, passando de 517 em 2023 para 372 em 2024.
Apesar dessa importante redução no número absoluto, a letalidade policial em Goiás permanece proporcionalmente alta.
Em 2024, as ações policiais foram responsáveis por 27% de todas as mortes violentas no estado — um índice quase duas vezes superior à média nacional de 14,1%. A taxa de mortes por intervenção policial em Goiás foi de 5,1 por 100 mil habitantes, enquanto a média brasileira ficou em 2,9.

Isso demonstra que, embora a polícia goiana tenha matado menos, seu modelo de atuação continua sendo um dos mais letais do país em termos proporcionais, configurando um desafio estrutural para a segurança pública do estado.
Estabilidade preocupante nos feminicídios
Quanto à violência de gênero, o número de feminicídios em Goiás permaneceu estável, com 56 casos registrados tanto em 2023 quanto em 2024.
Contudo, como o número total de homicídios de mulheres apresentou uma leve queda (de 128 para 119 vítimas), a proporção de feminicídios em relação ao total de assassinatos de mulheres subiu de 43,8% para 47,1% no período.
O dado pode indicar uma melhora na classificação dos crimes, mas também sinaliza que a violência fatal por razões de gênero se mostra mais resistente à tendência de queda observada em outros indicadores.